Raymond Auguste Quinsac Monvoisin nasceu em 31 de maio de 1790, em Bordeaux, França. Pintor de gênero, paisagem, história e retrato, foi um dos mais destacados discípulos do Barão Guérin, na Escola de Belas Artes de Paris.
Premiado diversas vezes, aos 27 anos tornou-se pensionário do rei da França, em Roma. Ao voltar à França, distinguiu-se nos Salons e por duas vezes foi premiado com o primeiro lugar. Dessa época, que se estendeu até 1842, datam suas séries de retratos dos reis da França e dos marechais da Renascença, encomendados pelo Governo para as galerias históricas do Palácio de Versailles.
Em 1836, Monvoisin – que tinha um forte temperamento – desentendeu-se com o diretor dos museus reais franceses, Sr. de Cailleux. Abalado pelo episódio e por outros problemas particulares, deixou a França em maio de 1842.
Veio para a América do Sul. Monvoisin e Rugendas foram os dois mais importantes artistas a visitar o Continente Americano, nessa época. Depois de uma rápida passagem por Buenos Aires, chegou ao Chile em janeiro de 1843, portando pouco mais de dez painéis que foram exibidos em março daquele ano na Universidade de São Filipe. Essa mostra, que tornou-se um marco na História da Arte no Chile, atraiu a atenção de diversas personalidades e causou admiração pela perícia e beleza das obras. Monvoisin recebeu pelo menos uma centena de encomendas de retratos: pintou praticamente toda a aristocracia chilena da época. O Governo prometeu-lhe a direção da futura Academia de desenho e pintura do Chile, mas acabou por escolher o italiano Alexandre Cicarelli.
Depois de algum tempo, Monvoisin visitou o Peru e o Brasil. Chegou ao Rio de Janeiro em 19 de outubro de 1847. Em carta ao irmão, reclamou do calor e informou que pintaria um retrato de D. Pedro II, que o recebeu calorosamente. A pintura – que mostra D. Pedro de pé, em traje imperial – é considerado o mais fiel retrato do Imperador brasileiro. Em reconhecimento, D. Pedro concedeu ao artista a insígnia de Cavaleiro da Ordem do Cruzeiro e uma pêndula de bronze. O quadro – que pode ser visto no Museu Imperial de Petrópolis – pertence ao príncipe D. João de Orléans e Bragança, bisneto de D. Pedro II. O Imperador tinha, em sua pinacoteca no Paço S. Cristóvão, outro quadro de Monvoisin: Jovem Peruano (ou Jovem Araucano).
Monvoisin voltou à França em 1858, quando o Espiritismo estava no auge. Tornou-se espírita e adepto da Homeopatia. A primeira referência a ele está na Revista Espírita de maio de 1866. A seção “Conversas de Além-Túmulo” traz a transcrição de uma evocação do espírito do Abade Laverdet, um dos pastores da Igreja francesa, ocorrida no dia 5 de janeiro de 1866. Ali, Kardec informa que “um dos mais íntimos amigos do abade, o Sr. Monvoisin, o eminente pintor de história, espírita fervoroso, tendo desejado ter dele algumas palavras de além-túmulo, nos pediu para evocá-lo”.
Membro da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, Monvoisin é o autor de um retrato do Codificador do Espiritismo. Foi uma doação de oito quadros desse pintor renomado que estimulou em Kardec o desejo de fazer um Museu Espírita: Retrato alegórico do Sr. Allan Kardec; Retrato do autor (Monvoisin); três cenas espíritas da vida de Jeanne d’Arc (Jeanne na fonte, Jeanne ferida e Jeanne sobre a fogueira); o Auto-de-fé de João Huss; um quadro simbólico das Três Revelações, e a Aparição de Jesus entre os apóstolos, depois da morte corporal.
O pintor faleceu em Boulogne-sur-Seine (Paris), em 26 de março de 1870. Na edição de maio daquele ano, a Revista Espírita noticiou a desencarnação com ampla reportagem, em que são contadas sua vida e sua dedicação ao Espiritismo. No texto são citadas frases. Entre elas: “Eu serei o precursor e o pai da pintura espírita”. Ao desencarnar, trabalhava em uma série de retratos dos precursores do Espiritismo.