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Razão e caridade

Autora: Inês Rivera Sernaglia

Ainda estamos longe da educação racional. Permitimos que as emoções nos governem, sem raciocinar e sempre como resposta às palavras ou atitudes alheias, porque muitas vezes agimos de forma desastrosa, movidos por impulsos primitivos. Dessa forma, só teremos controle da nossa vida com condições de assimilarmos virtudes, se passarmos a dominar e não sermos dominados pelas emoções.

O aprendizado vivenciado na prática diária contribui em grande escala para que nos tornemos fortes. A teoria prepara, é verdade, mas é a prática que capacita em realizações. Não basta, pois, o ensinamento, é preciso que sejamos a lição viva, conforme exemplifica o Cristo, trabalhando em harmonia, aprendendo uns com os outros, conforme assevera Emmanuel, estimado benfeitor espiritual: “a conversação é permuta de almas”. ¹

Doamos e recebemos o tempo todo, e o receber é sempre em proporções maiores, já que intensificam todos os sentimentos dos que se afinam conosco, encarnados ou não. É a lei de ação e reação. Aí também o cuidado em filtrar o que vemos e ouvimos, a fim de aproveitar o que nos sirva para a construção no melhor.

Aprender incessantemente é importante porque é, por meio do conhecimento, que podemos optar pelo correto. A escolha de hoje, não podemos esquecer, é a consequência de amanhã. O Espírito da Verdade foi claro: “amai-vos e instrui-vos”. Kardec foi claro: “fora da caridade não há salvação”.

Jesus em todo o seu ministério não mencionou a palavra caridade. No entanto, com base na resposta dada pelos Espíritos iluminados na questão 886, em O Livro dos Espíritos, temos que a caridade, segundo Jesus, não se restringe à esmola, mas abrange todas as relações com os nossos semelhantes. Está descrita como benevolência para com os outros, indulgência para com as imperfeições alheias, e perdão das ofensas.

Esses ensinamentos não são novos, mas precisamos entendê-los todos os dias, porque ainda trazemos sentimentos remanescentes da nossa vida primitiva. Passamos por várias encarnações burilando esses sentimentos, mas ainda não somos capazes de transformá-los, porque o que realmente falta à humanidade é amor. E só ele é capaz de transformar, edificar, elevar.

No livro Mediunidade: Desafios e Bênçãos, ditado pelo Espírito Manoel Philomeno de Miranda, através da mediunidade de Divaldo Pereira Franco, deparamo-nos com uma história simples sobre o amor, que tomamos a liberdade de transcrever:

“E quando o amor, exausto de sua jornada pelos séculos, parou para fazer um balanço das atividades desenvolvidas, constatou que após tantos e incessantes labores poucos resultados positivos tinha alcançado. O ser humano continuava odiando o outro, a sua fé ainda muito escassa e até mesmo a fraternidade não era expressiva.

O amor se entristeceu.

Correu séculos atrás das pessoas mais diversas e, quando conseguia se aproximar, o ser humano trazia de volta seus impulsos e sentimentos primitivos.

Aturdido com tantos desencantos, o amor continuou chorando e suplicou ao Pai um urgente socorro para que a tarefa que lhe tinha sido confiada não ruísse no esquecimento.

Foi então que escutou a voz suprema dizendo que a partir daquele momento ele receberia ALGUÉM que cobriria suas pegadas. Alguém que, em sua ausência, falaria no seu silêncio através da ação.

O amor nunca mais estaria só nas sendas do serviço.

Foi ali que o amor se completou com a caridade.   

E assim podemos dizer que em todo lugar onde brilha a luz, encontramos o amor e a caridade unidos, construindo o mundo cristão. ²

Então, sigamos nossa jornada juntos, com benevolência de uns para com os outros, plenos de indulgência para com as imperfeições alheias e com o perdão das ofensas no espírito e na ação.

Façamos valer a educação racional com a qual fomos preparados para exercer nossa mais digna função. E, como afirma Emmanuel: “Deixemos que a caridade nos ilumine o crivo da razão para que não venhamos a perder os melhores valores do tempo e da vida, por ausência de equilíbrio ou falta de amor”. ¹

Bibliografia

 1 – XAVIER, F. C. Encontro Marcado – pelo Espírito Emmanuel, 14ª ed., FEB Editora, Brasília/DF, lição 8, 2013.

2 – FRANCO, Divaldo P. – Mediunidade: Desafios e Bênçãos, pelo Espírito Manoel Philomeno de Miranda – Editora Leal, 2015, Capítulo 1.

O consolador – Artigos

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