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Refletindo sobre a humildade

Autor: Thiago Rosa

Do latim humilitate, conforme o dicionário Michaelis da Língua Portuguesa, significa: 1 Virtude com que manifestamos o sentimento de nossa fraqueza; 2 Modéstia; 3 Pobreza; 4 Demonstração de respeito, de submissão; 5 Inferioridade.

Ultimamente tenho estudado de perto esta palavra. E não que eu seja realmente humilde. Posso ser em algumas ocasiões, mas em outras o orgulho faz questão de querer aparecer mais. Digo isso ao parar por alguns instantes e me analisar. Quando vemos as pessoas passarem por dificuldades diversas, amigos que estão com o coração partido, desanimados com a vida, com o emprego, com problemas de relacionamento familiar, ou mesmo com pouca grana no bolso… Parece muito fácil você se mostrar como um bom amigo que está ali sempre para ajudar. É fácil demais as vezes você se ver num tribunal com o réu a sua frente, seus sentimentos advocatícios de um lado, suas ideia de júri do outro e “pam”, bate o martelo e se sente feliz em ajudar alguém a sair da fossa. Parece que situações como estas nunca vão acontecer na sua vida, afinal o espiritismo está aí para te ajudar. Você é um garoto estudioso, feliz, que vê na doutrina as chaves para as respostas que nunca encontraria em lugar nenhum, mesmo em momentos de maior dificuldade. É como se por momentos você cegasse seus sentimentos que estão arraigados nas suas entranhas e realmente não se conhecesse.

Quando algumas rasteiras te tropeçam na vida, você descobre que é tão frágil como qualquer ser humano. É claro! Como sou bobo de pensar ser imbatível! E apesar de nunca parar para raciocinar a respeito, sei que no íntimo me sentia imbatível. E nestas horas você procura as mesmas palavras doces que sibilavam de sua boca para ajudar os amigos, na tentativa de ajudar a si mesmo, e não as encontra. A pequena tentativa de criar o ânimo recai no desânimo e como uma flor sem água para bebericar da fonte da vida, murcha e deixa suas pétalas adoecerem e debruçarem para fora. O odor já não é mais o mesmo, a cor é pálida e não existe energia para esboçar alegria.

Incrivelmente quando você se vê em meio a um problema, parece que muitos outros lhe aparecem simultaneamente, como se lhe coroassem sem oportunidade de recuperação.

Humildade é uma das palavras chaves. E ultimamente nos próprios eventos ela têm surgido de forma singular a complementar a reflexão da vida como um todo. No livro da Ermance Dufaux, Lírios da Esperança, ela comenta sobre uma das dinâmicas utilizadas no Hospital Esperança, do plano espiritual, para conseguir talhar um pouco do orgulho de nosso coração através da Tribuna da Humildade. Algo que pude presenciar em três momentos nos últimos quatro meses nos eventos da mocidade, tanto estadual (estado de São Paulo) como regional (cidade de São Paulo e arredores). O fato de você conseguir abrir o seu coração e despojar sentimentos que ficam ali enlameados como culpas, te faz abrir a carapaça e ver o quão humano você ainda é, pronto e necessitado de reforma íntima.

Vejo que o orgulho é hoje causa de grande desentendimento com nosso íntimo e com os outros que estão ao nosso redor também. Seja no dia-a-dia de nossa vida corrida, como em nosso mais íntimo estabelecimento de amor: o lar. E a doutrina, ao mesmo tempo, parece incomodar, já que ela a todo momento aponta o grande responsável pelas suas vitórias e principalmente derrotas no cenário moral da história: você. É ruim quando você é apontado como o percussor de tudo isso. Afinal, é muito mais fácil e até melhor quando existe um culpado. Ser vítima é fácil, todo mundo adora ser.

A humildade é um remédio forte, eficaz e feliz. É a forma que temos para conseguirmos sair do fosso, pedir ajuda e demonstrar o quanto ainda somos frágeis diante de toda nossa eternidade que iremos consumir. Só um curativo não será suficiente para apaziguar a tormenta que as vezes nos assusta. Afinal, a vida é maravilhosa.

Fala MEU! Edição 56, ano 2007

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