Autor: Daniel Soares
“Não ouvis agitar-se a tempestade que há de destruir o velho mundo e mergulhar no aniquilamento a série de iniquidades terrestre? (…) Oh! Legítimos adeptos do espiritismo, sois os escolhidos de Deus”! – O Evangelho segundo o Espiritismo, Capítulo XX. Missão dos espíritas.
No geral, a visão da palavra revolução nos traz ideias associadas a conflitos, a revoltas e a imposição de concepções e pontos de vista, no entanto, como tantas outras expressões bastante utilizadas com certo fim, esta palavra se afastou de seu significado original. Segundo o dicionário, revolução é o ato de revolver, agitar, mudar. Portanto, numa nova concepção, em pleno século XXI, da palavra Revolução, ela deve se afastar cada vez mais de seu antigo rótulo comum e, como toda linguagem e forma de comunicação evoluem com a humanidade, tiraremos desta expressão entusiástica o melhor sentido possível.
Vimos, durante a história da humanidade, a intensa atividade dos jovens para que o mundo e a sociedade progredissem continuamente. Na era medieval, os jovens lutavam com espadas para defender seus países de invasões e conquistadores, pois assim seu tempo exigiu, protegeram seus familiares e procuraram um mundo melhor para eles com as ferramentas de que dispunham. Nos tempos de guerra mundial, jovens lutavam com a ferramenta da consciência e da força de vontade para impor ao mundo a padronização dos direitos humanos, com manifestações mais pacíficas, foi criada a ideologia do amor, mas como toda humanidade imperfeita, os próprios difundiram a ideologia em libertinagem, além de outras manifestações políticas que nos trouxeram melhoras e garantiram o sistema democrático até hoje.
Se olharmos para o passado e tentarmos tirar uma conclusão do papel do jovem na história, descobriremos que não se pode ser jovem sem ser revolucionário, os dois termos estão interligados e mostram que o jovem é o eterno guerreiro na guerra da busca pela melhoria em conjunto dos espíritos. Diz-se muito que a geração atual é uma geração sem lutas, que no decorrer da humanidade todas as batalhas foram ganhas e não há mais pelo que se lutar, uma época de facilidades na qual só se resta desfrutar das conquistas das gerações anteriores, porém isso é um erro. Quanto mais a humanidade conquista, mais ela adquire, necessita de mais responsabilidade para evitar o abuso e dar direção aos mais novos e/ou menos instruídos para utilizá-los somente para o bem e para o progresso de sua sociedade. Podemos então classificar a guerra da atualidade como uma guerra moral, onde o foco é policiar-se, resistir às más influências vindas da cultura da sociedade o máximo possível, admitir as próprias tendências e defeitos, tanto os adquiridos no processo de nossa criação na Terra, como aqueles que nos acompanham desde antes da encarnação terrestre, e a partir daí REEDUCAR-SE. A reeducação hoje é a Revolução, e envolve diversos aspectos, inclusive o desprendimento das diversões frívolas que seguimos por querer bom status social e também a mudança de atitudes no tocante ao respeito para com o próximo no COTIDIANO. “Reaprender a ver, afinal o essencial é invisível aos olhos”.
Revolução é Reação. Para revolver é preciso reagir contra os males da atualidade, e o grande mal da juventude nos dias de hoje é a estagnação, muitos jovens simplesmente são levados pela corrente dos bons ou dos maus costumes, deixando-se levar pelo ambiente em que convivem, e mais cedo ou mais tarde são tomados pelo sedentarismo, pela diversão fácil e livre de responsabilidades, facilidades que as gerações anteriores de jovens lutaram para conseguir. O fácil acesso a uma “boa vida” os deixam despreocupados com quaisquer outras coisas que sejam importantes para o seu progresso pessoal ou para o progresso de sua própria sociedade. O jovem, enfim passa a nem mais se lembrar das dificuldades de seu tempo, as deixa de lado mantendo-se aéreo e distante, com a certeza de que não pode fazer nada para mudar o quadro de deficiências sociais. Vejam o quanto a humanidade progrediu, e que grande batalha é lutar para que a mesma se controle perante seu progresso, passe a ter conscientização do respeito à natureza, dos valores que não devem ser esquecidos, da direção que se deve dar à tão novos acontecimentos esclarecedores da ciência. Eis a tão aguardada batalha do jovem! E é aí que entra a doutrina da verdade, a doutrina Espírita que fomos escolhidos para aprender e repassar, a doutrina como sendo nossa maior arma nos ajudará a alcançar não só a vitória na luta da reeducação como também na batalha divina de levar a luz onde há trevas e movimentação onde há estagnação, e, através da prece, levar esperança onde há desespero e ser o instrumento da paz, como nos é ensinado na oração de São Francisco.
Assim que conseguirmos revolucionar nossos próprios costumes e metas, convocaremos então todos os que ainda se encontram em estado de estagnação, como também já estivemos, e os convidaremos à Revolução. Instruindo uns aos outros, chegaremos finalmente ao objetivo de nossa geração, que podemos dizer, é um dos mais sublimes: ver o mandamento “Amar ao próximo como a nós mesmos” permanente na sociedade terrestre.
Hoje, mais do que nunca, se faz necessário que os espíritas, detentores de tão grande poder e responsabilidade, tomem a rédea e a liderança desta Revolução, em época de fim dos tempos e no meio do caos, se coloquem a frente da humanidade como esclarecedores contra o sensacionalismo e consoladores do medo alheio que predomina na mente da população em geral. É preciso que “Os trabalhadores da última hora” se mostrem e impulsionem o progresso do planeta.
“Avante, falange da fé”.