Autor: Belmiro Braga (espírito)
*
Cheguei feliz ao meu porto,
Estou mais moço e mais forte,
Encontrei paz e conforto
Na vida, depois da morte.
Eis as rimas de outro norte,
Que escreve o poeta morto.
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Com a ignorância proterva,
Que a morte é o fim, o homem pensa,
Julgando no talo de erva
A paisagem linda e imensa.
Ah! feliz o que conserva
As luzes doces da crença.
*
Quanta gente corre, corre,
Ansiosa atrás do prazer,
Sonha e chora, luta e morre
Sem jamais o conhecer.
Não há ninguém que se forre,
Sobre a Terra, ao padecer.
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Fecha a bolsa da ambição,
Não corras atrás da sorte,
Venera a mão que te exorte
Nos dias de provação.
Tem coragem, meu irmão,
Ninguém se acaba com a morte.
*
No mundo vale quem tem
Um cifrão de prata ou de ouro;
Mas, da morte ao sorvedouro,
Jamais escapa ninguém!
No Céu só vale o tesouro
Daquele que fez o bem.
*
Que tua alma em preces arda
No fogo da devoção.
Deus é Pai que nunca tarda
No caminho da aflição.
Nas mágoas do mundo, guarda
A fé do teu coração.
*
Entre a fé e o fanatismo,
Muito espírito se engana:
A primeira ampara e irmana,
O segundo é o dogmatismo,
Goela aberta de um abismo
Na estrada da vida humana.
*
A Terra, para quem sente,
Inda é torre de Babel,
Onde a prática desmente
As ilusões do papel:
Muita boca sorridente,
Corações de lodo e fel.
*
Suporta a dor que te cobre
Na estrada espinhosa e má,
Quem é rico, quem é nobre,
A essa estrada voltará.
É uma ventura ser pobre,
Com a bênção que Deus nos dá.
*
Na vida sempre supus,
Sem muita filosofia,
Que, em prol do Reino da Luz,
Basta, na Terra sombria,
Que o homem siga a Jesus,
Que a mulher siga a Maria.
Nota
A poesia acima, psicografada por Francisco Cândido Xavier, faz parte do livro Parnaso de Além-Túmulo
Obra completa: https://www.febeditora.com.br/parnaso-de-alem-tumulo