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Rubens Germinhasi e Ricardo Guedes Pinheiro: Chico Xavier

Entrevistadores: Thiago Magri & Mocidade Espírita Luiza De Abreu Andrade (MELAA)

Este ano Chico Xavier completaria 100 anos. O médium lutou durante toda sua vida para disseminar o amor e ajudar as pessoas. Ele aceitou a difícil missão de trabalhar para a espiritualidade e com isso contribuiu para o crescimento da doutrina espírita. Mas Chico não levantava bandeiras, acreditava que suas mensagens auxiliavam o próximo, independentemente da religião. Chico Xavier vivo era um herói e morto é um mito, mas ele não desejava ser idolatrado, era humilde e caridoso.

Aline da Silva Flammia, Bianca da Silva Flammia e eu, integrantes da Mocidade Espírita Luiza de Abreu Andrade (MELAA), fomos até o Núcleo Espiritual José Nunes Feller para entrevistar o filho adotivo de Chico Xavier, Eurípides Humberto Higino dos Reis. Entretanto este não pode comparecer por estar com uma virose e permaneceu em Uberaba. Então Rubens Germinhasi – que trabalhou aproximadamente 40 anos com Chico Xavier e hoje participa da Rádio Boa Nova e da TV Mundo Maior – e Ricardo Guedes Pinheiro, presidente da instituição nos concederam uma entrevista. Rubens entregou a Ricardo o primeiro exemplar do livro escrito por Eurípides, intitulado “100 anos de amor”. A obra contem mensagens de diversos autores que escreveram obras através do médium. Falamos de Chico Xavier, do movimento jovem espírita e da realidade do espiritismo em geral. Conseguimos curiosidades, novidades e informações valiosas.

Chico Xavier

Depois de Allan Kardec, em termos de obras publicadas, Chico foi um dos maiores divulgadores da doutrina espírita. O senhor acredita que o Brasil realmente está a caminho de se tornar o coração do mundo e a pátria do evangelho?

Rubens: Com certeza. De qualquer maneira o Brasil é o maior país espírita do mundo. [O espiritismo] nasceu na França, mas na realidade desenvolveu-se aqui no Brasil, inclusive pelo Chico. De lá para cá então, houve uma abertura imensa da doutrina no país. Podemos ter certeza de que o Brasil está a caminho de ser a pátria do evangelho. Humberto de Campos, através do Chico, nos disse com toda segurança que chegaremos lá.

Este ano o espiritismo será muito divulgado. Em abril estreou nos cinemas “Chico Xavier” e em setembro estreará “Nosso Lar”. Qual sua opinião sobre essa divulgação espírita?

Rubens: Muito boa. A doutrina sai do centro por aqueles que o frequentam. Mas quando ela entra nesse campo virtual, onde será expandida para todos através de peças de teatros, filmes, está num campo de ampliação muito grande e é o que estão precisando. É a época da filosofia espírita ser conhecida de outra forma. Ela será para nós o elo, o consolador prometido por Jesus. Através da mídia virtual será expandida de uma forma que todos poderão conhecê-la melhor.

Nos conte uma história, conselho ou lição marcante desse tempo que o senhor trabalhou com o Chico.

Rubens: O que mais me marcou foram dois pontos básicos: ele como ser humano e como médium. Como médium as pessoas o procuravam em busca do médium e nunca do homem. Mas o homem Chico é que realmente era o homem médium. O que a gente pode aprender com o Chico são os exemplos. Não é quem fala que vai nos mostrar, mas sim quem faz, exemplifica o que ficará em nós. O “Livro dos Espíritos” fala que Jesus foi o mais perfeito exemplo encarnado na Terra. Chico foi isso para mim. Mostrou que podemos ser tanto quanto ele, como Jesus disse: “ser deuses de nós mesmos”.

Nós percebemos que o Chico foi um ícone, uma referência que buscamos para encontrar a solução de nossos problemas. Ele foi uma luz. Esta luz de que estamos falando hoje. É a vida que podemos mostrar, alcançar, desde que nós nos disciplinemos para isso.

Qual é o livro de Chico que sintetiza a doutrina espírita?

Rubens: Do Chico Xavier [o livro] que mais me marca, tirando os romances que são completamente a parte, é “Nosso Lar”, que ampliou a nossa visão para a espiritualidade. Kardec nos deu os livros para estudar e Chico para entendermos o que irá acontecer depois.

Nós que trabalhamos em casas espíritas, que estamos nos “bastidores”, vemos que muitas vezes ocorrem conflitos internos, mocidades espíritas se esvaziando, cursos que não completam a quantidade mínima para formarem turmas, etc. Qual seria a sua proposta para esta realidade?

Rubens: Primeiro: abrir o campo de ternura dentro da casa espírita. Segundo: mostrar para esses presidentes, diretores, responsáveis pelas casas que eles não são os donos delas. Precisam abrir o campo para que todos que frequentam se sintam integrantes, sem que as ideias fiquem voltadas para uma única cabeça. Precisamos falar sempre no sentido do grupo. Os presidentes lamentavelmente passam a assumir uma proporção de donos e não de dirigentes. Precisam levar a orientação para os frequentadores.

Agora vamos fazer algumas perguntas para o Ricardo. O senhor conheceu o Chico?

Ricardo: Quando eu era criança, minha mãe o procurou após o desencarne do meu avô. Eu fico até emocionado, porque me lembro de ver muitas pessoas […] o Chico na televisão. Todos que passaram por lá foram tratados e atendidos.

O que o senhor acha do filme “Chico Xavier”?

Ricardo: O filme vai até 1970. O próprio Daniel Filho que é o diretor está organizando uma minissérie que parte de 1971 até o final da permanência do Chico. Nós vamos ter também novidade com o filme “Nosso Lar”, que está sendo providenciado. Vamos pedir [vibrar] para esses diretores para que passem ao mundo a verdadeira história, a que deve ser relatada. Eu tenho certeza que o plano espiritual, tratando-se do Chico, está envolvido e trazendo grandes mudanças a esses irmãos que vão trabalhar nessa obra e transmitir a mensagem. 2010 mudará muitas coisas no planeta.

Qual a diferença entre o atual e o antigo movimento jovem espírita?

Ricardo: Eu não vejo diferença. Vejo esses processos reencarnatórios, espíritos mais evoluídos intelectualmente exercendo as disciplinas, a humildade. Estamos num grupo, aqui na vida terrena. Mas tudo se afirma em condições de elevação. E com certeza, estamos em processos evolutivos. Vejo que existem muitas coisas que facilitam e [outras] que nos deixam preguiçosos para raciocinar. Então precisamos raciocinar interiormente. As máquinas nos ajudam a trabalhar o exterior, mas temos que fazer nossas reflexões, saber quem somos e respeitar a criatura mais difícil. Isso é complicado para nós.

Dê uma mensagem para os jovens.

Ricardo: O que posso dizer para os jovens é que se preocupem em ser criaturas cristãs. Não se esqueçam de Cristo nem que devemos estar em processos de evolução. Precisamos abandonar os resquícios, deixar de sermos criaturas materialistas e deixar as coisas acontecerem. Vamos lutar para sermos melhores internamente. Porque todos estão com a oportunidade de evolução intelectual. Todos viemos aqui para nos resolvermos interiormente e é isso que eu peço aos jovens. A impaciência e a ansiedade às vezes prejudicam, pois não podemos ser imediatistas. Deus nos deu a oportunidade de expurgarmos coisas ruins em doses homeopáticas. Temos que ter a paciência no momento certo e esperarmos o nosso momento. Muitos jovens se precipitam e acabam tendo resultados difíceis. Os jovens são maravilhosos, todos estão em processos errantes e realmente têm a oportunidade de se reformarem. Nosso pai ama a todos, temos que entender a condição da disciplina, da compreensão e da harmonização dentro de casa.

Rubens, como foi a fundação da editora IDEAL?

Rubens: Um dia o Chico me chamou junto com Orlando Moreno, Francisco Galves – do Grupo Espírita União – e o Oswaldo de Godoy Bueno. O Orlando tinha uma gráfica que também foi chamada para participar. Chico dizia que a doutrina precisava se expandir para que os livros estivessem mais presentes no mercado. E assim foi fundado o Instituto Divulgação Editora André Luiz [em 2 de maio de 1975, cuja sede está localizada à Rua Lord Cockrane, 594 no Bairro do Ipiranga na cidade de São Paulo]. O Orlando foi convidado a ser o presidente, Galves o tesoureiro, eu o secretário e o Oswaldo como participante da diretoria. Depois de um determinado tempo o Galves, em função do seu próprio trabalho no Centro Espírita União, acabou se afastando. Nós ficamos e hoje o IDEAL está com 65 obras publicadas.

Todos os livros são de André Luiz?

Rubens: Não. São obras de todos os espíritos que se comunicaram com o Chico. Emmanuel, André Luiz, Cornélio Pires, Bezerra de Menezes e outros. Só publicamos obras do Chico, esse foi o nosso compromisso espiritual.

Queremos propor a vocês um ping-pong. Diremos algumas palavras e queremos que você e o Ricardo as definam também com uma palavra. Primeira palavra: juventude.

Rubens: Beleza.

Ricardo: Esperança

Trabalho.

Rubens: Mérito.

Ricardo: Nobreza.

Família.

Rubens: Dádiva.

Ricardo: Amor.

Reencarnação.

Rubens: Vida.

Ricardo: Necessidade.

Dinheiro.

Rubens: Qualquer um (risos).

Ricardo: Importante também.

Espiritismo.

Rubens: Alegria.

Ricardo: Horizonte.

Deus.

Rubens: Pai de todos.

Ricardo: Tudo.

Chico Xavier.

Rubens: Amigo incondicional. Estou passando de uma palavra (risos).

Ricardo: Amigo de Jesus.

Vida.

Rubens: Todos precisam.

Ricardo: Eternidade.

Nós agradecemos a oportunidade de estarmos aqui. Perdemos muitos jovens para as baladas, as drogas. Então levamos a mensagem do espiritismo porque eles querem aprender, só que de um jeito mais “light”.

Rubens: Quero acrescentar algo e valorizar o que vocês estão fazendo. O problema de vir para a casa espírita é que ás vezes não dão chance aos jovens. É muito difícil ver um centro que tenha juventude. A gente percebe que há jovens com vontade de montar um movimento para ajudar outros. É maravilhoso, grandioso, porque mostra que vocês já entendem a responsabilidade. Compreendem que seu amigo jovem está num lugar onde não precisaria estar e vocês oferecem de tudo para ele, estímulo para se encontrar na vida, paz e harmonia. E é isso. Espero que continuem com esse trabalho maravilhoso.

Hoje cedo eu conversei com Eurípides [filho de Chico Xavier] e nós rimos muito, pois falávamos do dia 2 de abril. Quando a mãe do Chico estava grávida, seu pai chegava e dizia: “Mulher, você segura mais um pouco, porque eu não quero ter um filho no dia da mentira. Segura aí hein” (risos). Ela não entendia por que ele dizia isso e na madrugada do dia 2, o Chico nasceu. O pai dele ficou muito feliz. O Chico […] ria com as coisas que aconteciam. Nós precisamos destravar de dentro de nós aquele ser cheio de arrogância. Temos que ser o mais simples que pudermos, porque a vida é simples. Deus não nos quer em uma vida que não tenha simplicidade. Vida de vaidade é caminho para se distorcer amanhã.

Essa trilogia: vaidade, orgulho e egoísmo, é que nos leva ao chão. Precisamos lutar contra esse trio para que nós tenhamos a alegria da vida em nós. Juventude, vocês não têm nenhuma vantagem sobre nós, somos eternos. Não temos idade, seremos sempre jovens desde de que queiramos ser. Pensemos com juventude, jovialidade. Aí sim, nós vamos entender que a eternidade está na juventude do ser.

Fala MEU! Edição 81, ano 2010

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