Autor: Wellington Balbo
Sempre me chamou a atenção o caráter sério e respeitoso que Kardec imprimiu à Doutrina Espírita.
Rigoroso observador, as lições originárias da espiritualidade só vieram a lume após criteriosas pesquisas envolvendo diversos médiuns nos mais diferentes locais do globo.
Por muitas vezes vemos o codificador se referir ao estudo, pesquisa e observação criteriosa e despida de preconceitos como sustentáculo imprescindível para a conquista do conhecimento.
E é esta questão referente à preocupação científica de Kardec que muitos desconhecem, chegando a pensar que o Espiritismo é obra exclusiva dele, julgando equivocadamente que a Codificação Espírita borbulhou na cabeça do filósofo francês, e ele a transcreveu em papel, conclamando alguns a segui-lo.
Muitos chegam até a ignorar a essência cristã do Espiritismo, e emitem opiniões descompromissadas com a seriedade, na base do leviano “Ouvi Dizer”. Aliás, essa questão do “Ouvi Dizer” é uma chaga social, onde diversas pessoas espalham mentiras abalando reputações e difamando instituições, baseadas nas famigeradas fofocas. Lamentável que muita gente se deixe envolver pela leviandade, esquecendo-se da seriedade que devemos tratar as informações que nos chegam. Se tudo transmitimos sem responsabilidade de checar a veracidade do assunto, seremos certamente multiplicadores da hipocrisia.
Ainda bem que Kardec não se guiava pelo “Ouvi Dizer”, mas sim pela análise racional da questão, e esse foi um dos motivos capitais que fez a Doutrina dos Espíritos frutificar e viajar pelas décadas, chegando aos dias de hoje com força total. Aliás, se Kardec se norteasse pelo “Ouvi Dizer”, sem pesquisar, observar e raciocinar nos conceitos oriundos da espiritualidade, o Espiritismo teria se perdido como Doutrina, enfraquecendo-se à medida que incorporava toda e qualquer teoria sem prévia análise.
Por isso foi admirável e digno de registro a seriedade e o comprometimento com a verdade que teve Kardec na condução da codificação da Doutrina Espírita.
E é assim em todos os ramos da atividade humana. O êxito maior ou menor que conquistaremos está diretamente subordinado ao maior ou menor grau de seriedade que encaramos o assunto motivo de nossos estudos.
E aqui adentramos o trabalho desenvolvido no Centro Espírita, na importância de encará-lo com seriedade, imprimindo responsabilidade e amor naquilo que nos propomos a realizar; e imprimir seriedade e amor equivale a procurar o aperfeiçoamento contínuo, oferecendo um trabalho de qualidade à instituição a que estamos vinculados.
No campo da mediunidade, por exemplo, o médium não é médium apenas no Centro Espírita, mas sim em todas as horas de seu dia. Imperioso, portanto, que se esforce por vivenciar o Evangelho dentro e fora do Centro. O estudo necessita fazer parte de seu cotidiano para que ele não se torne fantoche de entidades desprovidas de senso moral. A propósito, em O Livro dos Médiuns, no cap. XXV, Das Evocações, Kardec ensina: “O médium deve evitar tudo o que possa transformá-lo em instrumentos de consultas, o que, para muita gente, equivale a ledor da sorte”.
A lição de Kardec demonstra que a mediunidade precisa ser encarada com seriedade, sem dar vazão a uma curiosidade irrelevante. Quem se ocupa do fenômeno mediúnico com preocupações fúteis, certamente encontra dissabores e aborrecimentos que poderiam ser evitados. Seriedade esta que deve também ser aplicada aos demais trabalhadores da Seara Espírita.
O voluntário que se dedica à área da filantropia, por exemplo, deve comparecer pontualmente nos dias de sua atividade, porquanto, pior do que não ter voluntários é tê-los pela metade, sem saber se comparecerão ou não.
Se em nossa atividade profissional, atendendo a imperativos do mercado, somos impelidos à melhora contínua, o mesmo deve ocorrer com o trabalho na seara espírita.
Quanto mais capacitados moral e intelectualmente, mais eficazes instrumentos da espiritualidade seremos!
Outro ponto a destacar diz respeito à convivência com os demais colaboradores do Centro Espírita. Temos visto muitos colaboradores abandonarem as atividades voluntárias por se melindrarem com este ou aquele companheiro, aborrecendo-se com querelas. Compreensível que ninguém queira ficar em um lugar onde não se sente à vontade. Quando o trabalho no Centro Espírita deixa de ser prazeroso para se tornar uma dorida obrigação, é hora de rever algumas posições. Contudo, um pouco de compreensão não faz mal a ninguém. Diálogos baseados no respeito e seriedade tendem a colocar ponto final em muitos mal-entendidos.
Alimentar e cultivar conversas paralelas, baseadas no já citado “Ouvi Dizer”, não condizem com a seriedade que deve existir no trabalho espírita, porque podem desestabilizar o grupo, comprometendo seriamente a atividade desenvolvida pela instituição. Então, novamente recorremos ao bom senso do Codificador, que afirma: “Se um grupo quiser estar em condições de ordem, de tranquilidade, de estabilidade, é preciso que nele reine um sentimento fraterno. Todo grupo ou sociedade que se formar sem ter por base a caridade efetiva não terá vitalidade”.
Por isso, a seriedade no trabalho desenvolvido pelo Centro Espírita é importante, caro leitor; a seriedade nos livra da leviandade, indisciplina e acomodação, abrindo portas para o sucesso existencial, nossa verdadeira finalidade ao aportar neste planeta.
Reflitamos, pois, nos sábios ensinamentos ministrados pelo codificador para que atinjamos a excelência no trabalho desenvolvido no Centro Espírita.
Dica
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