Autora: Temi Mary Faccio Simionato
É indiscutível que os problemas do sexo agitam atualmente vastos setores da vida humana, e sexo sem afetividade e responsabilidade gera tormentos na alma e conflitos perturbadores. Entendemos, então, que o sexo é manifestação sagrada do amor universal e divino. Desta forma, homens e mulheres cujas almas vão se libertando dos cativeiros da forma física escapam gradativamente do império absoluto das sensações carnais, pois a escravidão, nos tormentos do sexo, é uma questão do ser que demanda processo individual de cura e sobre esta só o Espírito resolverá no tribunal da própria consciência.
Penetremos assim nos recessos da própria alma: será que conseguiremos apresentar comportamento irrepreensível? Indaguemo-nos e investiguemo-nos quanto às nossas próprias tendências, inclinações e anseios no campo íntimo e verificaremos que não nos achamos ausentes de conflitos que remanescem do acervo de lutas sexuais da humanidade.
É inegável que todo auxílio externo seja valioso e respeitável, mas cumpre-nos reconhecer que os escravos das perturbações no campo sensorial só por si mesmos serão libertos, isto é, pela dilatação do entendimento e das próprias dificuldades na aplicação do “amai-vos uns aos outros como vos amei”. (João,13: 34-35)
Deste modo, encontraremos mais tarde na vitória sobre os nossos instintos a definitiva integração na luz imortal.
E assim, à frente de todas as complicações e problemas do sexo, face aos ensinamentos de Jesus, devemos abster-nos de censura e condenação. E a razão é simples: somos Espíritos em aperfeiçoamento na Terra e estamos emergindo dos labirintos de sombra para que as bênçãos do aprendizado se nos fixem no Espírito. No entanto, ao nos sentirmos inclinados à condenação, entremos no mundo de nós mesmos, pedindo a Deus que nos ilumine a alma e, pela oração, a bênção Divina nos fará perceber onde guardamos também a fresta triste do lado fraco.
Portanto, torna-se importante não julgarmos os supostos desajustamentos ou falhas reconhecidas do sexo, e, sim, respeitar as manifestações sexuais do próximo, tanto quanto pedimos respeito para aquelas que nos caracterizam a existência; ninguém existe no mundo invulnerável ao erro, todos nós estamos sujeitos à ilusão pelos pontos frágeis que apresentemos na construção dos próprios valores para a Vida Maior.
O querido benfeitor Emmanuel elucida-nos no livro Vida e Sexo, capítulo vinte e quatro, que “o instinto sexual, exprimindo amor em expansão incessante, nasce nas profundezas da vida, orientando os processos de evolução”; desta forma, consideremos o sexo, como o benfeitor nos diz, “por atributo não apenas respeitável, mas profundamente santo da natureza, exigindo educação e controle”.
Podemos perceber, então, que o sexo mal conduzido, em razão de envolvimento emocional e das dilacerações espirituais que produzem em outrem e também naquele que o utiliza mal, abre campo para terríveis enlaces obsessivos, gerando perturbações de longo curso. Portanto, cultivemos a misericórdia para com os outros, lembrando que nos domínios do apoio e pela compreensão, se hoje é nosso dia de dar, é possível que amanhã seja nosso dia de receber.
Fundamentada na ética do amor, a Doutrina Espírita propõe ao comportamento sexual a higiene moral e respeito indispensável ao exercício da sua função, dentro de padrões equilibrados, de modo que se constitua elemento proporcionador de saúde e bem-estar. Se cada um de nós for respeitado em seu foro íntimo para que o amor se consagre por vínculo Divino, muito mais de alma para alma, que de corpo para corpo, com a dignidade do trabalho e do aperfeiçoamento moral, os conceitos de desregramento e deturpação se farão distanciados do cotidiano de vez que a compreensão apaziguará o coração e a chamada desventura afetiva não terá razão de ser.
O benfeitor Anacleto, no livro Sexo e Obsessão, no capítulo “A Comunidade da Perversão Moral”, esclarece-nos: “Chegará o momento adequado e todos deveremos nos empenhar por apressá-lo, quando luzir o pensamento de Jesus nas consciências humanas, em que o homem e a mulher compreenderão que o sexo existe para fomentar a vida e procriar, amparado por emoções enobrecedoras do intercâmbio de energias revigorantes, e não para o banquete asselvajado dos instintos e das sensações. Que possamos contribuir em favor desse momento, edificando-nos no bem e preservando-nos interiormente das ciladas do mal e das tentações perturbadoras”.
No que diz respeito aos problemas do sexo transviado, abracemos o serviço de educação e bondade com alicerces na disciplina do Cristo e tracemos novos caminhos de entendimento em que as almas se aproximem para a ascensão do progresso.
Finalizando, destacamos no livro Boa Nova, de Humberto de Campos, no capítulo vinte e um, exemplo elucidativo de superação, no qual Maria Madalena, Espírito muito sensível, entendeu e vivenciou o significado dos ensinos de Jesus como poucos, transformando por completo sua vida, deixando os prazeres mundanos e dedicando-se à total renovação de seu comportamento pela prática do amor ao próximo. Assim, o divino Mestre com seu profundo amor e carinho mostrou a ela o caminho para todos que desejam sinceramente levantar-se do pó de suas ruínas morais.
Madalena foi um exemplo de sacrifício dos prazeres pessoais em prol da construção da felicidade ao semelhante.
Recordemo-nos de que ninguém é suficientemente puro para habilitar-se a julgar as impurezas alheias. Portanto, não atiremos pedras no telhado de outrem, observando que a pedra é capaz de ferir, mas, se colocada em lugar certo da construção, torna-se agente de solidez no edifício.
Bibliografia:
XAVIER, F. C – Encontro Marcado – ditado pelo Espírito Emmanuel – 14ª edição – FEB – Brasília/DF – 2013 – lição 31.
XAVIER, F. C. – Palavras de Vida Eterna – ditado pelo Espírito Emmanuel – 35ª edição – Editora Comunhão Espírita Cristã – Uberaba/ MG – 2010 – lição 54.
XAVIER, F. C. – Vida e Sexo – ditado pelo Espírito Emmanuel – 1ª edição – FEB – Brasília/ DF – 1970 – capítulos: 1, 10, 11, 24, 48, 51.
O Consolador. Ano 10 – N° 510 – 2 de Abril de 2017