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Simbiose das mentes

Autor: Rogério Coelho

(…) Os fatos mediúnicos têm grande analogia com os fenômenos da eletricidade e do magnetismo 

Erasto [1]

Não é que Erasto tem toda razão?! 

Eis o que ensina André Luiz [2]: 

“(…) Quanto mais investiga a Natureza, mais se convence o homem de que vive num reino de ondas transfiguradas em luz, eletricidade, calor ou matéria, segundo o padrão vibratório em que se exprimam… Existem, no entanto, outras manifestações da luz, da eletricidade, do calor e da matéria, desconhecidas nas faixas da evolução humana, das quais, por enquanto, somente poderemos recolher informações pelas vias do espírito”.

Aduz, ainda, o Benfeitor Espiritual [3]:

“(…) Mesmo que a Ciência da Terra, por longo tempo, recalcitre contra as realidades do Espírito, é imperioso convir que no comando das associações atômicas, sob a perquirição do homem, prevalecem as associações inteligentes de matéria mental. O Espírito, encarnado ou desencarnado, na essência, pode ser comparado a um dínamo complexo, em que se verifica a transubstanciação do trabalho psicofísico em forças mento-eletromagnéticas, forças essas que guardam consigo, no laboratório das células em que circulam e se harmonizam, a propriedade de agentes emissores e receptores, conservadores e regeneradores de energia.

“Para que nos façamos mais simplesmente compreendidos, imaginemo-lo como sendo um dínamo gerador, indutor, transformador e coletor, ao mesmo tempo, com capacidade de assimilar correntes contínuas de força e exteriorizá-las simultaneamente”.

Gerador elétrico

“Recordemos que um motor se alimenta da corrente elétrica, fornecida pelos recursos atômicos do plano material. E para simples efeito de estudo da transmissão de força mediúnica, em que a matéria mental é substância básica, lembremo-nos de que a chamada força eletromotriz nasce do agente que a produz em circuito fechado. Afirmamos que o gerador elétrico é uma fonte de força eletromotriz, entretanto, não nos acha­mos à frente de uma força automática, mas sim de uma característica do gerador, no qual a energia absorvida, sob forma particular, se converte em energia elétrica. O aparelho gerador, no caso, não plasma cor­rentes elétricas e sim produz determinada diferença de potencial entre os seus terminais ou extremos, facultando aos elétrons a movimentação necessária.

“Figuremos dois campos elétricos separados, cada um deles com cargas de natureza contrária, com uma diferença de potencial entre eles. Estabelecido um fio condutor entre ambos, a corrente elétrica se improvisa, do centro negativo para o centro positivo, até que seja alcançado o justo equilíbrio entre os dois centros, anulando-se, desde então, a diferença de potencial existente. Se desejarmos manter a diferença de potencial a que nos referimos, é indispensável interpor entre ambos um gerador elétrico, por intermédio do qual se nutra, constante, o fluxo eletrônico entre um e outro, de vez que a corrente circulará no condutor, em vista do campo elétrico existente entre os dois corpos.”

Gerador mediúnico

“Idealizemos o fluxo de energias mento-eletromagnéticas, ou fulcro de ondas da entidade comunicante e do médium, como dois campos distintos, associando valores positivos e negativos, respectivamente, com uma diferença de potencial que, em nosso caso, constitui certa capacidade de junção específica.

“Estabelecido um fio condutor de um para o outro que, em nosso problema, representa o pensamento deaceitação ouadesão do médium, a cor­rente mental desse ou daquele teor se improvisa em regime de ação e reação, atingindo-se o necessário equilíbrio entre ambos, anulando-se, desde então, a diferença existente, pela integração das forças conjuntas em clima de afinidade. Se quisermos sustentar o continuísmo de semelhante conjugação, é imprescindível conservar entre os dois um gerador de força, que, na questão em análise, é o pensamento constante de aceitaçãoou adesão da personalidade mediúnica, através do qual se evidencie, incessante, o fluxo de energias conjugadas entre um e outro, porquanto a corrente de forças mentais, destinada à produção desse ou daquele fenômeno ou serviço, circulará no condutor mediúnico em razão do campo de energias mento-eletromagnéticas existente entre a Entidade comunicante e a individualidade do médium.”

Ora, podemos então, entender com André Luiz, que, se vivemos mergulhados num “oceano” de vibrações, é natural que procuremos conhecer tal “oceano”, e também procurar identificar a maneira mais segura de navegar sobre as suas ondas bravias. O conhecimento dos mecanismos da mediunidade oferecer-nos-á o ensejo de lograrmos êxito na travessia desse encapelado, imenso e ignoto oceano de abismais profundidades.

Conforme podemos depreender do ensino de André Luiz [4], “(…) Vezes sem conta, qual se verifica entre a alga e o cogumelo, a mente encarnada entrega-se, inconscientemente, ao desencarnado que lhe controla [5] a existência, sofrendo-lhe temporariamente o domínio até certo ponto, mas, em troca, em face da sensibilidade excessiva de que se reveste, passa a viver, enquanto perdure semelhante influência, necessariamente protegi­da contra o assalto de forças ocultas ainda mais deprimentes. Por esse motivo, ainda agora, em plena atualidade, encontramos os problemas da mediunidade evidente, ou da irreconhecida, destacando, a cada passo, inteligências nobres intimamente aprisionadas a cultos estranhos, em matéria de fé, padecendo a intromissão de ideias de terror, ante a perspectiva de se afastarem das entidades familiares que lhes dominam a mente através de palavras ou símbolos mágicos, com vistas a fala­ciosas vantagens materiais. Essas inteligências fogem deliberadamente ao estudo que as libertaria do cativeiro interior, quando não se mostram apáticas, em perigosos processos de fanatismo, inofensivas e humildes, mas arredadas do progresso que lhes garantiria a renovação”.

Histeria e psiconeurose

“Entretanto, as simbioses dessa espécie, em que tantas existências respiram em reciprocidade de furto psíquico, não se limitam aos fenômenos desse teor, nos quais Espíritos desencarnados, estanques em determina­das concepções religiosas, anestesiam ou infantilizam temporariamente consciências menos aptas ao autocontrole, porquanto se expressam igualmente nas moléstias nervosas complexas.

“E, na mesma trilha de ajustamento simbiótico, somos defrontados na Terra, aqui e ali, pela presença de psiconeuróticos da mais extensa classificação, com diagnose extremamente difícil, entregues aos mais obscuros quadros mentais, sem se arrojarem à loucura completa… Tais Entidades, imanizadas ao painel fisiológico e agregadas a ele sem o corpo de matéria mais densa, vivem assim, quase sempre por tempo longo, entrosadas psiquicamente aos seus hospedeiros, porquanto o Espírito humano desencarnado, ergui­do a novo estado de consciência, começa a elaborar recursos magnéticos diferenciados, condizentes com os impositivos da própria sustentação, tanto quanto, no corpo terrestre, aprendeu a criar, por automatismo, as enzimas e os hormônios que lhe asseguravam o equilíbrio biológico, e, impressionando o paciente que explora, muita vez com a melhor intenção, subjuga-lhe o campo mental, impondo-lhe ao centro coronário a substância dos próprios pensamentos, que a vítima passa a acolher qual se fossem os seus próprios.” 

Ancianidade da simbiose espiritual

“Justo, assim, registar que a simbiose espiritual permanece entre os homens, desde as eras mais remotas, em multifários processos de mediunismo consciente ou inconsciente, através dos quais os chamados “mortos”, traumatizados ou ignorantes, fracos ou indecisos, se aglutinam, em grande parte, ao “habitat” dos chamados “vivos”, partilhando-lhes a existência, a absorver-lhes parcialmente a vitalidade, até que os próprios Espíritos encarnados, com a força do seu próprio trabalho, no estudo edificante e nas virtudes vividas, lhes ofereçam material para mais amplas meditações, pelas quais se habilitem à necessária transformação com que se adaptem a novos caminhos e aceitem encargos novos, à frente da evolução deles mesmos, no rumo das Esferas mais altas.”

Concluamos, então, com André Luiz1:

“(…) Não podemos esquecer a obrigação de cultuar a mediunidade e acrisolá-la, aparelhando-nos com os recursos precisos do autoconhecimento.

“A parapsicologia nas Universidades e o estudo dos mecanismos do cérebro e do sonho, do magnetismo e do pensamento nas instituições ligadas à psiquiatria e às ciências mentais, embora dirigidos noutros rumos, chegarão – igualmente – à verdade, mas, antes que se integrem conscientemente no plano da redenção humana, burilemos, por nossa vez, a mediunidade, à luz da Doutrina Espírita, que revive a Doutrina de Jesus, no reconhecimento de que não basta a observação dos fatos em si, mas também que se fazem indispensáveis a disciplina e a iluminação dos ingredientes morais que os constituem, a fim de que se tornem fatores de aprimoramento e felicidade, a benefício da criatura em trânsito para a realidade maior”.    

Referências

[1] – KARDEC, Allan. O Livro dos Médiuns. 71. ed. Rio [de Janeiro]: FEB, 2003, 2ª parte, Capítulo V, item 98, § 9º.

[2] – XAVIER, Francisco Cândido. Mecanismos da Mediunidade. 4. ed. Rio [de Janeiro]: FEB, 1973, introdução.

[3] – Idem, ibidem, cap. V.

[4] – XAVIER, Francisco Cândido. Evolução em Dois Mundos. 7. ed. Rio [de Janeiro]: FEB, 1983, cap. XIV.

[5] – KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. 88. ed. Rio [de Janeiro]: FEB, 2006, q. 459.

O consolador – Ano 7 – N 328

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