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Sistema dos médiuns inertes

O Livro dos Médiuns

Fonte: Segunda Parte – Das manifestações espíritas

Capítulo XIX – Do papel dos médiuns nas comunicações espíritas

Sistema dos médiuns inertes

12.ª. Entre os diferentes sistemas, que se hão concebido para explicar os fenômenos espíritas, há um que proclama estar a verdadeira mediunidade num corpo completamente inerte, na cesta, ou no papelão, por exemplo, que serve de instrumento; que o Espírito manifestante se identifica com esse objeto e o torna, além de vivo, inteligente, donde o nome de médiuns inertes dado a esses objetos. Que pensais desse sistema?

“Pouco há que dizer a tal respeito e é que, se o Espírito transmitisse inteligência ao papelão, ao mesmo tempo que a vida, aquele escreveria sozinho, sem o concurso do médium. Fora singular que o homem inteligente se mudasse em máquina e que um objeto inerte se tornasse inteligente. Esse é um dos muitos sistemas oriundos de ideias preconcebidas e que caem, como tantos outros, ante a experiência e a observação.”

13.ª. Um fenômeno bem conhecido poderia abonar a opinião de que nos corpos inertes animados há mais do que a vida: o das mesas, cestas, etc. que, pelos seus movimentos, exprimem a cólera, ou a afeição?

“Quando um homem agita colérico um pau, não é o pau que está presa de cólera, nem mesmo a mão que o segura, mas o pensamento que dirige a mão. As mesas e as cestas não são mais inteligentes do que o pau, nenhum sentimento inteligente apresentam; apenas obedecem a uma inteligência. Numa palavra, o Espírito não se transforma em cesta, nem nela se domicilia.”

14.ª. Desde que não é racional atribuir-se inteligência a esses objetos, poder-se-á considerá-los como uma categoria de médiuns, dando-lhes o nome de médiuns inertes?

“É uma questão de palavras, que pouco nos importa, contanto que vos entendais. Sois livres de dar a um boneco o nome de homem.”

15.ª. Os Espíritos só têm a linguagem do pensamento; não dispõem da linguagem articulada, pelo que só há para eles uma língua. Assim sendo, poderia um Espírito exprimir-se, por via mediúnica, numa língua que jamais falou quando vivo? E, nesse caso, de onde tira as palavras de que se serve?

“Acabaste tu mesmo de responder à pergunta que formulaste, dizendo que os Espíritos só têm uma língua, que é a do pensamento. Essa língua todos a compreendem, tanto os homens como os Espíritos. O Espírito errante, quando se dirige ao Espírito encarnado do médium, não lhe fala francês, nem inglês, porém, a língua universal, que é a do pensamento. Para exprimir suas ideias numa língua articulada, transmissível, toma as palavras do vocabulário do médium.

16.ª. Se é assim, só na língua do médium deveria ser possível ao Espírito exprimir-se. Entretanto, é sabido que escreve em idiomas que o médium desconhece. Não há aí uma contradição?

“Nota, primeiramente, que nem todos os médiuns são aptos a esse gênero de exercício e, depois, que os Espíritos só acidentalmente a ele se prestam, quando julgam que isso pode ter alguma utilidade. Para as comunicações usuais e de certa extensão, preferem servir-se de uma língua que seja familiar ao médium, porque lhes apresenta menos dificuldades materiais a vencer.”

17.ª. A aptidão de certos médiuns para escrever numa língua que lhes é estranha não provirá da circunstância de lhes ter sido familiar essa língua em outra existência e de haverem guardado a intuição dela?

“É certo que isto se pode dar, mas não constitui regra. Com algum esforço, o Espírito pode vencer momentaneamente a resistência material que encontra. É o que acontece quando o médium escreve, na língua que lhe é própria, palavras que não conhece.”

18.ª. Poderia uma pessoa analfabeta escrever como médium?

“Sim, mas é fácil de compreender-se que terá de vencer grande dificuldade mecânica, por faltar à mão o hábito do movimento necessário a formar letras. O mesmo sucede com os médiuns desenhistas, que não sabem desenhar.”

19.ª. Poderia um médium, muito pouco inteligente, transmitir comunicações de ordem elevada?

“Sim, pela mesma razão por que um médium pode escrever numa língua que lhe seja desconhecida. A mediunidade propriamente dita independe da inteligência, bem como das qualidades morais. Em falta de instrumento melhor, pode o Espírito servir-se daquele que tem à mão. Porém, é natural que, para as comunicações de certa ordem, prefira o médium que lhe ofereça menos obstáculos materiais. Acresce outra consideração: o idiota muitas vezes só o é pela imperfeição de seus órgãos, podendo, entretanto, seu Espírito ser mais adiantado do que o julguem. Tens a prova disso em certas evocações de idiotas, mortos ou vivos.”

Nota. Este é um fato que a experiência comprova. Por muitas vezes temos evocado idiotas vivos que hão dado patentes provas de identidade e responderam com muita sensatez e mesmo de modo superior. Esse estado é uma punição para o Espírito, que sofre com o constrangimento em que se vê. Um médium idiota pode, pois, oferecer ao Espírito que queira manifestar-se mais recursos de que se supunha. (Veja-se: Revue spirite, julho de 1860, artigo sobre a Frenologia e a Fisiognomonia.)

20.ª. Donde vem a aptidão de alguns médiuns para escrever em verso?

“A poesia é uma linguagem. Eles podem escrever em verso, como podem escrever numa língua que desconheçam. Depois, é possível que tenham sido poetas em outra existência e, como já te dissemos, os conhecimentos adquiridos jamais os perde o Espírito, que tem de chegar à perfeição em todas as coisas. Nesse caso, o que eles hão sabido lhes dá uma facilidade de que não dispõem no estado ordinário.”

21.ª. O mesmo ocorre com os que têm aptidão especial para o desenho e a música?

“Sim; o desenho e a música também são maneiras de se exprimirem os pensamentos. Os Espíritos se servem dos instrumentos que mais facilidade lhes oferecem.”

22.ª. A expressão do pensamento pela poesia, pelo desenho, ou pela música depende unicamente da aptidão especial do médium, ou também da do Espírito que se comunica?

“Às vezes, do médium; às vezes, do Espírito. Os Espíritos superiores possuem todas as aptidões. Os Espíritos inferiores só dispõem de conhecimentos limitados.”

23.ª. Por que é que um homem de extraordinário talento numa existência já não o tem na existência seguinte?

“Nem sempre assim é, pois que muitas vezes ele aperfeiçoa, numa existência, o que começou na precedente. Mas, pode acontecer que uma faculdade extraordinária dormite durante certo tempo, para deixar que outra se desenvolva. É um gérmen latente, que tornará a ser encontrado mais tarde e do qual alguns traços, ou, pelo menos, uma vaga intuição sempre permanecem.”

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Este conteúdo faz parte de “O Livro dos Médiuns” e reúne o ensino dos Espíritos sobre a teoria de todos os gêneros de manifestações, os meios de comunicação com o mundo invisível, o desenvolvimento da mediunidade, as dificuldades e os tropeços que se podem encontrar na prática mediúnica. Este material é o guia mais completo para todos os que se dedicam às atividades de comunicação com o mundo espiritual. Para conhecer mais Clique Aqui

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