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Solidariedade

Autora: Cristina Sarraf

Termo muito usado por Kardec, solidariedade constitui, no tempo presente, um dos pilares da construção de uma sociedade renovada, onde mais precisa: as relações humanas.

Seja entre os seres – minerais, vegetais e animais – ou entre os corpos celestes, no Espiritismo encontramos o termo solidariedade, em seu amplo significado, de haver uma relação de complementação e sustentação recíproca entre todos, mesmo que não percebamos isso; ou que por orgulho e prepotência, não se queira aceitar.

Somos um Espírito, indivíduo individualizado. Temos nossos pensamentos, mas recebemos pensamentos de Espíritos em condição mediúnica ou sob influência oculta; bem como de encarnados, em forma de palavras ou textos, mas também em condição imperceptível. E participamos de redes de interinfluências entre encarnados e desencarnados, conforme o assunto (ou assuntos) ao qual nos dediquemos. Sintonia e solidariedade, entre todos, por mais que não percebamos e nem quiséssemos que assim fosse.

Nosso corpo é constituído de minerais e micro-organismos, sem os quais não viveria. E para sustentar sua vida, precisamos nos alimentar; sendo que todos os alimentos vêm, de forma direta ou indireta, dos minerais que formam o solo; o que mostra essa solidariedade que não sendo moral, é funcional.

O ar que inspiramos e expiramos é partilhado por pessoas, animais e plantas. Não vivemos sem respirar… O ar é de todos.

Os elétrons dos átomos que nos compõe, bem como os do ar e de absolutamente tudo, mudam de átomos constantemente, pelas interações químicas normais, segundo as leis deterministas da matéria densa. Ou seja, trocamos obrigatoriamente de elétrons entre nós, seja com quem for… humano, animal, planta, mineral…  sem saber, sem perceber. Mas somos compostos de átomos e estes funcionam como funcionam aqui na Terra. Nada a ser feito quanto a isso, gostemos ou não!

Na Natureza, os animais renovam a vida das plantas, pelas sementes que carregam em seus corpos ou defecam, após se alimentarem. Desde os micro-organismos até os de grande porte, uns precisam dos outros, para sua sobrevivência. Entre eles há solidariedade por formarem uma cadeia alimentar que a todos supre as necessidades vitais.

Por outro lado, temos visto em quantidade, animais de espécies diferentes, que sob nosso olhar tendencioso e limitado, pensamos serem “inimigos”, conviverem, protegerem-se, darem nutrição e afeto.  Exemplo da solidariedade que falta aos humanos que se hostilizam, odeiam, mantêm preconceitos e julgamentos pejorativos.

Hoje se sabe que as árvores mais antigas são como verdadeiras mães das mais novas, porque suas raízes possuem micro-organismos e produzem substâncias que invisivelmente aos nossos olhos, porque debaixo da terra, as alimentam, nutrem e fortalecem, para sobreviverem às intempéries, circunstâncias difíceis que possam ocorrer, e serem saudáveis. Mas… os adeptos do cimento e do capim, cortam exatamente essas, por serem mais frondosas, ocuparem mais espaço e darem mais lucro ao venderem a madeira. Com isso quebram o ciclo de solidariedade entre essas árvores e todas enfraquecem. Crime de lesa Natureza, que também afeta o solo, os animais e nós, humanos.

No espaço sideral os astros são solidários entre si, na medida em que, criados sob as leis universais divinas, mantêm uma espécie de sustentação recíproca; e harmonizados em seu funcionamento, estabelecem a grandiosidade do universo, hoje entendido como universos. Corpos de menor porte como cometas, e mesmo asteroides, circulam levando elementos químicos por onde passam; quem saberá qual sua verdadeira contribuição para a renovação dos astros por onde passam?

Esses poucos exemplos revelam o Universo funcionando de maneira integrada, multifacetada e interdependente, embora as leis universais gerais sejam as mesmas para todos. Unidade/diversidade.

Essa solidariedade universal um dia será a estrutura de nossas relações com as etapas evolutivas mineral, vegetal, animal, humana e espiritual. Saberemos e viveremos de maneira respeitosa e integrada com os que nos cercam; preservaremos as vidas animal e vegetal, os solos, as águas e o ar. Certamente seremos bem mais felizes do que conseguiremos ser na atualidade.

Jornal do NEIE

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