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Somente a educação

Autor: Marcus De Mario

Ouvimos de uma autoridade pública a afirmação que somente a política pode melhorar as condições de um país, sendo o único caminho para a estabilidade democrática. Pedimos licença para discordar. A política, entendida pela maioria como ideologia partidária, e não como ciência social, pode ser, e tem sido, instrumento perverso para as liberdades democráticas, defendendo interesses mesquinhos e até mesmo contrários à vida, interesses esses estatutários, elegidos pelo partido político, nem sempre concordantes com a própria democracia. Lembremos que as autoridades públicas são eleitas pelo voto do povo para defender os interesses da maioria, e não para fazer de sua autoridade palanque de favores partidários, o que mais temos visto acontecer historicamente. Isso quando o poder não leva a autoridade pública ao autoritarismo, um grave desvio da democracia tão defendida nos discursos.

Quando uma nação, historicamente, elege a política partidária, a segurança pública, o discurso populista como fatores centrais de suas ações, não pode colher outros frutos que não sejam o despotismo, a injustiça social, a violência, a miséria, o radicalismo nas ideias. É o que temos assistido acontecer no Brasil, quando gerações se sucedem desligadas do que é essencial para qualquer povo: a educação.

Educação que permita o desenvolvimento da autonomia e da ética das crianças e jovens, que promova o pensar e se colocar no lugar do outro, que sensibilize os sentimentos e permita à nova geração ter ideais superiores de vida.

A educação é o caminho para a estabilidade democrática com respeito aos direitos de cidadania. Infelizmente a educação brasileira de há muito tempo perdeu o rumo, sendo transformada em sistema de ensino, perversamente apenas instruindo em conteúdos curriculares previamente programados, deixando de lado o desenvolvimento do senso moral, da empatia, da solidariedade, dos valores humanos.

Esvaziamos a educação, na escola e na família, e agora tentamos resolver um leque de problemas sociais com ações violentas de segurança pública, distribuição de favores às classes desfavorecidas e outras coisas que nada resolvem, pois atingem a periferia desses problemas, não atingem e corrigem as causas. Teimam as autoridades públicas em enxugar gelo, como se isso resolvesse alguma coisa.

De outro lado, vemos uma incômoda inércia por parte dos pedagogos e professores, mas isso tem explicação: é que estão, na maioria, formatados na falsa ideia de que existem apenas para ensinar, para dar aula e para fazer discussões acadêmicas intermináveis e sem nenhum resultado positivo para a sociedade.

Eis o resultado de termos elegido a política partidária como roteiro de nossa nação, entranhando a corrupção em todas as instituições, fazendo do jeitinho brasileiro contraponto à honestidade, como se isso fosse normal.

As autoridades públicas, representando seus partidos políticos, na verdade, têm muito medo da educação, pois a educação é libertadora das consciências, então manifestamente trabalham para sucatear as escolas, formatar o pensamento dos professores e desestruturar as famílias. Quanto aos educadores que levantam sua voz, se o governo for de esquerda, eles são classificados como conservadores; se o governo é de direita, são taxados de comunistas. É mais cômodo fazer essa classificação, assim mantendo a educação como um subproduto, o que facilita a manutenção dos desvios de conduta no serviço público, a mando de interesses particulares e de grupos.

Concluímos que não é a política a salvaguarda da democracia, pois ela depende da formação que estamos providenciando das pessoas que vão, no futuro, assumir a administração pública, e essa formação, que acima de tudo deve ser moral, somente a educação pode propiciar.

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