Autor: Rodrigo Prado
Ato de tirar a própria vida, o suicídio tem sido uma escolha que muitas pessoas têm recorrido ao longo da existência da humanidade. Mas o que leva uma pessoa, um jovem principalmente, a cometer esse ato? É justo recorrer ao suicídio? Se matou, a pessoa deixa de existir e o problema acabou ou a vida continua e há consequências negativas para quem o comete? Pode-se rezar por quem se suicidou ou a pessoa deve ser ignorada e queimar no inferno como dizem certas Igrejas? Por questão de honra é justo se suicidar, como no caso dos samurais, ou quando se quer evitar um grande escândalo que virá prejudicar a honra da família? Como encarar a situação onde aquele jovenzinho ou aquela jovenzinha de doze anos se mata por não ser correspondido no amor? E os homossexuais que se matam por não se aceitarem como gays ou lésbicas, ou por não serem aceitos pela sociedade? E a mulher que se mata por não aguentar mais ser espancada pelo marido?
Mas se nos questionamentos acima o suicídio está explícito, como encarar as situações onde ele está presente, mas de forma oculta ou disfarçada, como na situação da criança que perde o gosto pela vida, vindo adoecer e morrer? E os jovens que se consomem nas drogas? Aquele que fuma? As meninas que falecem ao cometerem abortos ou por anorexia? Os meninos que morrem ao volante por estarem participando de um “racha ou pega”, ou por estarem sobre o efeito do álcool?
Como é possível perceber nas situações citadas, o suicídio nos rodeia constantemente, e por isso desejo que dediquemos a esse assunto um tempo necessário para refletirmos e tomarmos ações para evitá-lo, esse que é um caos social em vários países do mundo, e no Brasil não é diferente, já que o suicídio está entre a terceira maior causa de morte entre jovens de 15 a 35 anos.
Há tempos venho querendo escrever sobre esse assunto no FM!, mas me faltava aquela inspiração para conseguir apresentar um material que pudesse realmente contribuir e não apenas ser um artigo “chovendo no molhado”, sem nada a realmente contribuir, a não ser os mesmos chavões de sempre, de que o suicídio é ruim. Já havia lido muita coisa a respeito em o “Livro dos Espíritos” e no livro “O Céu e o Inferno, ou a Justiça Divina Segundo o Espiritismo?” ambos de Allan Kardec, e também na obra “Memórias de um Suicida” de Yvonne A. Pereira, obra que relata com muito detalhe a situação dos suicidas, mas recentemente achei lendo a Revista Espírita, do ano de 1862, vários artigos falando desse assunto, mas um em especial me chamou muita a atenção, seja pela riqueza de detalhes, seja pela grandiosa lógica dos argumentos e raciocínios que Allan Kardec fala do assunto, e por isso trago o artigo para que todos tomem contato com esse material importantíssimo.
Escreve Kardec que na França, do ano de 1836 à 1852, segundo estatística oficial, o número de suicidas foi de 52.126, uma média de 3.066 por ano; número esse que foi aumentando sempre a cada ano, conforme é possível constatar, pois no ano de 1859, foram 3.899 suicídios, sendo 3.057 homens e 842 mulheres. Esse número crescente chama a atenção, pois o que levou e tem levado tanta gente a se matar? Kardec dizia que querer explicar todos esses casos como o resultado de problemas mentais ou loucura, seria algo muito simplista, pois contrariando isso, a maioria dos suicídios é feito voluntariamente, de forma premeditada, com conhecimento de causa, ou seja, a pessoa planeja como, quando e onde será o suicídio, o que caracteriza capacidade de raciocínio e de certo discernimento da pessoa, o que já não ocorre com uma pessoa louca.
Conta Kardec que “certas pessoas pensam que o suicida jamais está completamente em seu bom senso; é um erro que partilhamos outrora, mas que caiu diante de uma observação mais atenta. É bastante racional, com efeito, pensar que, estando o instinto de conservação na natureza, a destruição voluntária deve ser contra a natureza, e que tal é a razão pela qual, frequentemente, vê-se este instinto se impor, no último momento, sobre a vontade de morrer; de onde se conclui que, para realizar esse ato, é preciso não ter mais a cabeça em si. Sem dúvida, há muitos suicidas que são tomados nesse instante de uma espécie de vertigem e sucumbem num primeiro momento de exaltação; se o instinto de conservação o toma em último lugar, são como desembriagados e se prendem à vida; mas é bem evidente também que muitos se matam a sangue frio e com reflexão, e a prova disso está nas precauções calculadas que tomam, na ordem razoável que colocam seus negócios, o que não é o caráter da loucura.
Faremos notar, de passagem, um traço característico do suicídio, é que os atos dessa natureza, realizado em lugares completamente isolados e desabitados, são excessivamente raros; o homem perdido no deserto ou sobre o Oceano, morrerá de privações, mas não se suicidará, então mesmo que não espere nenhum socorro. Aquele que quer deixar voluntariamente a vida aproveita bem o momento em que está só para não ser detido em seu desígnio, mas o faz de preferência nos centros de população, onde seu corpo tem pelo menos alguma chance de ser encontrado. Tal se lançará do alto de um monumento no centro de uma cidade, que não o fará do alto de um rochedo à beira-mar, onde todo traço seu estará perdido; tal outro se dependurará nas árvores de Boulogne, e não irá fazê-lo numa floresta onde ninguém passe”. Vale ressaltar aqui o quanto isso ainda ocorre nas grandes cidades, por exemplo em São Paulo, é comum pessoas se atirarem nos trilhos do Metrô. Continua Kardec dizendo que “o suicida quer muito não ser impedido, mas deseja que se saiba, cedo ou tarde, que se suicidou; parece-lhe que essa lembrança dos homens o liga ao mundo que quis deixar, tanto é verdade que a ideia do nada absoluto tem alguma coisa mais terrível do que a própria morte. Eis um curioso exemplo em apoio desta teoria.
Por volta de 1815, um rico Inglês, tendo ido visitar a famosa queda do Rhin, com ela ficou de tal modo entusiasmado, que voltou para a Inglaterra a fim de pôr em ordem seus negócios, depois retornou, alguns meses depois, para se precipitar no abismo.
Incontestavelmente, é um ato de originalidade, mas duvidamos muito que tivesse feito o mesmo lançando-se no Niagara se ninguém devesse sabê-lo; uma singularidade de caráter causou o ato; mas o pensamento de que se iria falar dele determinou a escolha do lugar e do momento; se seu corpo não devesse ser encontrado, sua memória pelo menos não pereceria.
Na falta de uma estatística oficial que daria a exata proporção dos diferentes motivos de suicídios, não seria de duvidar que os casos mais numerosos são determinados pelos reveses da fortuna, as decepções, os desgostos de toda natureza. O suicídio, neste caso, não é um ato de loucura, mas de desespero. Ao lado destes motivos, que se poderiam chamar sérios, os há evidentemente fúteis, sem falar do indefinível desgosto da vida, no meio dos prazeres, como o que acabamos de citar. O que é certo é que todos aqueles que se suicidam não recorrem a esse extremo senão porque, errados ou com razão, não estão contentes. Sem dúvida, não é dado a ninguém remediar esta causa primeira, mas o que é preciso deplorar é a facilidade com a qual os homens cedem, há algum tempo, a esse fatal arrastamento; aí está, sobretudo, o que deve chamar a atenção, e que, na nossa opinião, é perfeitamente remediável.
Não se lembra, frequentemente de perguntar se há frouxidão ou coragem no suicídio; incontestavelmente, há frouxidão em falhar diante das provas da vida, mas há coragem em desafiar as dores e as angústias da morte; estes dois pontos nos parecem encerrar todo o problema do suicídio.
Por pungente que sejam os apertos da morte, o homem os afronta e os suporta se para isso estiver excitado pelo exemplo; é a história do conscrito que, só recuaria diante do fogo, ao passo que fica eletrizado ao ver os outros caminharem para ele sem medo. Ocorre o mesmo para o suicídio; a visão daqueles que se libertam por esse meio do tédio e dos desgostos da vida faz dizer que esse momento passa logo; aqueles que o temor do sofrimento teria retido, se dizem que uma vez que tanta gente faz assim, pode-se bem fazer como eles; que vale mais ainda sofrer alguns minutos do que sofrer durante anos. É nesse sentido somente que o suicídio é contagioso; o contágio não está nem nos fluidos nem nas atrações; ele está no exemplo que familiariza com a ideia da morte e com o emprego dos meios para que ela se dê; isto é tão verdadeiro que quando um suicídio ocorre de uma certa maneira, não é raro ver vários deles do mesmo gênero se sucederem”. E aqui vale ressaltar novamente o exemplo citado do Metrô, onde muitos que se suicidam nesse local, o fazem por força do exemplo das outras pessoas que se suicidaram antes dele, mas no Metrô há um certo cuidado em ocultar esses fatos, porém é comum os usuários receberem o aviso de que o Metrô está parado devido a presença de usuário nos trilhos, o que em outras palavras pode querer dizer que alguém acabou de se suicidar, provavelmente. Sobre essa questão da influência do exemplo, nos traz Kardec “a história da famosa guarita, na qual catorze militares se dependuraram, sucessivamente, em pouco tempo, não teve outra causa. O meio estava ali sob os olhos; parecia cômodo, e por pouco que esses homens tivessem alguma leviandade de assim acabar com a vida, dele aproveitaram; a tua própria visão podia fazer nascer a ideia; o fato tendo sido contado a Napoléon, ordenou a queima da fatal guarita; o meio não estava mais sob os olhos e o mal se deteve.
A publicidade dada aos suicídios produz sobre as massas o efeito da guarita; ela excita, encoraja, familiariza com a ideia, provoca-a mesmo. Sob este aspecto, consideramos os relatos desse gênero, dos quais os jornais são pródigos, como uma das causas excitantes do suicídio: eles dão a coragem da morte. Ocorre o mesmo com aqueles dos crimes com ajuda dos quais se atiça a curiosidade pública; produzem, pelo exemplo, um verdadeiro contágio moral; jamais detiveram um criminoso, ao passo que para isso desenvolveram mais de um.
Examinemos agora o suicídio de um outro ponto de vista. Dizemos que, quaisquer que sejam os motivos particulares, tem sempre por causa um descontentamento; ora, aquele que está certo de não ser infeliz senão um dia e ser melhor os dias seguintes, facilmente tem paciência; não se desespera senão se não vê o fim de seus sofrimentos. O que é, pois, a vida humana com relação à eternidade, senão menos que um dia? Mas para aquele que não crê na eternidade, que crê que tudo acaba nele com a vida, e se é acabrunhado pelo desgosto e pelo infortúnio, não lhe vê o fim senão na morte; nada esperando, acha muito natural, muito lógico mesmo, abreviar seus sofrimentos pelo suicídio.
A incredulidade, a simples dúvida sobre o futuro, as idéias materialistas, em uma palavra, são os maiores excitantes ao suicídio: elas dão a covardia
moral. E quando se veem homens de ciência se apoiarem sobre a autoridade de seu saber para se esforçarem em provar, aos seus ouvintes ou aos seus leitores, que não têm nada a esperar depois da morte, não é conduzi-los a esta consequência de que são infelizes, não têm nada de melhor a fazer do que se matarem? Que poderíamos lhes dizer para disso afastá-los? Que compensação poderiam lhes oferecer? Que esperanças podem lhes dar? Nenhuma outra coisa senão o nada; de onde é ‘preciso concluir que se o nada é o remédio heroico, a única perspectiva, vale mais nele cair logo em seguida do que mais tarde, e assim sofrer por menos tempo’. A propagação das ideias materialistas é, pois, o veneno que inocula, num grande número o pensamento do suicídio, e aqueles que se fazem disso os apóstolos, seguramente, têm sobre si uma terrível responsabilidade.
A isso objetar-se-á, sem dúvida, que todos os suicidas não são materialistas, uma vez que há pessoas que se matam para irem mais depressa para o céu, e outras para se juntar mais cedo àqueles que amaram. Isto é verdade, mas incontestavelmente é o menor número, e do qual não se convenceria se tivesse uma estatística conscienciosamente feita das causas íntimas de todos os suicídios. Seja como for, se as pessoas que cedem a este pensamento crêem na vida futura, é evidente que fazem dela uma idéia inteiramente falsa e a maneira com a qual ela é apresentada, em geral, não é quase nada própria para dar-lhe uma ideia mais justa”. E essa observação de Kardec é importante, pois vem como uma primeira explicação do porquê de alguns espíritas cometerem o suicídio, ou terem tentado, como é o caso de uma amiga minha, que é jovem e já participou durante alguns anos da mocidade, mas que desde a adolescência até o período atual, já tentou se matar três vezes – felizmente fracassando -, isso sem contar as inúmeras vezes que essa ideia já passou em sua cabeça. Diz Kardec ainda que “o Espiritismo vem não somente confirmar a teoria da vida futura, mas a prova pelos fatos mais patentes que são possíveis ter: o testemunho daqueles mesmos que ali estão; faz mais, no-la mostra sob cores tão racionais, tão lógicas, que o raciocínio vem em apoio da fé. Não sendo mais permitida a dúvida, o aspecto da vida muda; sua importância diminui em razão da certeza, que se adquire, de um futuro mais próspero; para o crente, a vida se prolonga indefinidamente além do túmulo; daí a paciência e a resignação que afastam muito naturalmente do pensamento do suicídio; daí, em uma palavra, a coragem moral.
O Espiritismo tem ainda, sob esse aspecto, um outro resultado igualmente positivo, e talvez mais determinante. A religião diz bem que se suicidar é um pecado mortal do qual se é punido; mas como? Pelas chamas eternas nas quais não se crê mais. O Espiritismo nos mostra os próprios suicidas vindo dar conta de sua posição infeliz, mas com esta diferença de que as penas variam segundo as circunstâncias agravantes ou atenuantes, o que é mais conforme a justiça de Deus; que, em lugar de serem uniformes, elas são a consequência tão natural da causa que provocou a falta, que não se pode impedir de nelas ver uma soberana justiça equitativamente distribuída. Entre os suicidas, há os que cujo sofrimento, por não ser senão temporário em lugar de eterno, não é menos terrível e de natureza a dar a refletir a quem estivesse tentado a partir daqui antes da ordem de Deus. O Espírita tem, pois, por contrapeso ao pensamento do suicídio, vários motivos: a certeza de uma vida futura, na qual sabe que será tanto mais feliz quanto houver sido mais infeliz e mais resignado sobre a Terra; a certeza de que, abreviando a vida, chega justamente a um resultado diferente daquele que espera alcançar; que se livra de um mal para tê-lo um pior, mais longo e mais terrível, que não reverá, no outro mundo, os objetos de sua afeição, que queria ir reencontrar; de onde a consequência de que o suicídio está contra os seus próprios interesses. Também o número de suicídios impedidos pelo Espiritismo é considerável, e se pode disso concluir que quando todo o mundo for Espírita, não haverá mais suicídios voluntários, e isso chegará mais cedo do que se crê. Comparando, pois, os resultados das doutrinas materialista e espírita, sob o único ponto de vista do suicídio, acha-se que a lógica de uma a ele conduz, ao passo que a lógica da outra dele desvia, o que está confirmado pela experiência.
Por esse meio, dir-se-á, destruireis a hipocondria, essa causa de tantos suicídios sem motivos, desse insuperável desgosto da vida, que nada parece justificar? Essa causa é eminentemente fisiológica, ao passo que as outras são morais. Ora, se o Espiritismo não curasse senão estas, isto já seria muito; propriamente falando, a primeira ressalta da ciência, à qual poderíamos abandoná-la, dizendo-lhe: Nós curamos o que nos compete, por que não curais o que é de vossa competência? Entretanto, não hesitamos em responder afirmativamente à pergunta.
Certas afecções orgânicas, evidentemente, são mantidas e mesmo provocadas pelas disposições morais. O desgosto da vida, o mais frequentemente, é o fruto da saciedade. O homem que usou de tudo, não vendo nada além, está na posição do bêbado que, tendo a garrafa vazia, e nela não encontrando mais nada, a quebra. Os abusos e os excessos de toda a sorte, forçosamente, conduzem a um enfraquecimento e a uma perturbação nas funções vitais; daí uma multidão de enfermidades cuja fonte é desconhecida, que são julgadas causadoras, ao passo que não são senão consecutivas; daí também um sentimento de apatia e de desencorajamento. Que falta ao hipocondríaco para combater suas ideias melancólicas? Um objetivo para a vida, um motivo para sua atividade. Que objetivo pode ter se não crê em nada? O Espírita faz mais do que crer no futuro: ele sabe, não pelos olhos da fé, mas pelos exemplos que tem diante de si, que pela vida futura, à qual não pode escapar, é feliz ou infeliz, segundo o emprego que faz da vida corpórea; que a felicidade é proporcional ao bem que se fez. Ora, certo de viver depois da morte, e de viver bem mais tempo sobre a Terra, é muito natural que pense nela ser o mais feliz possível; certo, além disso, de lá ser infeliz se não faz nada de bem, ou mesmo se, não fazendo nada de mal, não faz nada de tudo, compreende a necessidade da ocupação, o melhor preservativo da hipocondria. Com a certeza do futuro ele tem um objetivo; com a dúvida, ele não tem nada.
O tédio ganha-o, e ele acaba com a vida porque não espera mais nada. Que se nos permita uma comparação um pouco trivial, mas que não deixa de ter analogia. Um homem passou uma hora no espetáculo; acreditou que tudo tinha acabado, se levantou e se foi; mas, se ele sabe que se deve representar ainda alguma coisa melhor, e mais longa daquela que viu, ele ficará, ainda que fosse no pior lugar: a espera do melhor triunfará nele da fadiga. As mesmas causas que conduzem ao suicídio também produzem a loucura. O remédio de um é também o remédio da outra, assim como o demonstramos em outro lugar.
Infelizmente, enquanto a medicina não se der conta senão do elemento material, privar-se-á de todas as luzes que lhe traria o elemento espiritual, que desempenha um papel tão ativo num grande número de afecções.
O Espiritismo nos revela, além disso, a causa primeira do suicídio, e só ele poderia fazê-lo.
As tribulações da vida são, ao mesmo tempo, expiações pelas faltas de existências passadas, e provas para o futuro. O próprio Espírito as escolhe tendo em vista o seu adiantamento; mas pode ocorrer que uma vez na obra, ache a carga muito pesada e recue diante de seu cumprimento; é então que tem o recurso do suicídio, o que o retarda em lugar de avançá-lo. Ocorre ainda que um Espírito suicidou-se numa precedente encarnação, e que, como expiação, lhe é imposto dever em sua nova existência, de lutar contra a tendência ao suicídio” (essa é uma outra explicação ou complemento, para o caso da minha amiga que eu citei); “se sai vencedor, avança; se sucumbe, serlhe-á preciso recomeçar uma vida talvez mais penosa ainda do que a precedente, e deverá lutar assim até que haja triunfado, porque toda recompensa na outra vida é o fruto de uma vitória, e quem diz vitória, diz luta. O Espírita haure, na certeza que tem desse estado de coisas, uma força de perseverança que nenhuma outra filosofia poderia dar-lhe”.
Eis então caros leitores, muitas nuanças sobre o suicídio, que trazemos para discussão, primeiramente consigo mesmo, e depois nas mocidades espíritas, nas escolas, na família, na roda de amigos, em qualquer lugar onde se possa levar essas preciosas informações, para que o maior número de pessoas saiba qual é o ponto de vista do Espiritismo sobre o suicídio, e o quanto isso muda a vida de quem o compreende, pois como disse Kardec, a maior decepção do suicida é ver que ele continua vivo, só que porém sofre infinitas vezes mais do que antes.
Encerro esse artigo com uma passagem que diz: “Não me repilais, porque o anjo do desespero me faz uma guerra obstinada e se esgota em vãos esforços para me substituir junto de vós; não sou sempre a mais forte e, quando ele chega a me afastar, vos envolve com suas asas fúnebres, desvia os vossos pensamentos de Deus e vos conduz ao suicídio; uni-vos a mim para afastar sua funesta influência e deixai-vos embalar docemente em meus braços, porque eu sou a Esperança”.
PARA SABER MAIS:
1) A Fé, A Esperança, A Caridade (Revista Espírita, fevereiro de 1862Allan Kardec) – três artigos que combatem moralmente o suicídio.
2) Uma paixão de além túmulo (Revista Espírita, maio de 1862-Allan Kardec) – menino de doze anos que se suicida por amor.
3) O padeiro desumano (Revista Espírita, maio de 1862-Allan Kardec) – mãe de três filhos que se suicidou após ser descoberta de roubar um pão para alimentar seus filhos.
4) Estatística dos Suicídios (Revista Espírita, julho de 1862-Allan Kardec) artigo completo sobre o suicídio.
5) Duplo suicídio por amor e dever (Revista Espírita, julho de 1862-Allan Kardec) casal de amantes que se suicidam para ficarem juntos no além, uma vez que cada um era casado e não queriam mais traírem e nem envergonharem seus cônjuges.
6) Um espírito pode recuar diante da prova? (Revista Espírita, julho de 1862-Allan Kardec) história de um menino de nove anos que se suicida “involuntariamente”.
7) Luís e a pespontadeira de botinas (O Céu e O Inferno ou a Justiça Divina Segundo o Espiritismo – Allan Kardec, 2ªParte, capítulo V – Suicidas) – rapaz que se suicida após ter sido largado por sua noiva, que não o amava mas o iludia.
8) Memórias de um suicida – Ivone Pereira, cap.1, O Vale dos Suicidas.; cap2 Os réprobos.
Fala MEU! Edição 67, ano 2008
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