Autora: Patrícia Francezi
Quinto dia do mês de Junho, dia em que se comemora o dia do meio ambiente.
Quando penso em meio ambiente, imagino que a maioria das pessoas já ouviu, ou leu em qualquer rodinha, ambiente escolar, trabalho, e etc, todos falando de um tal “relatório do clima”.
Pra melhorar, ainda temos muitos filmes no cinema declarando o final do mundo, e muitos canais de documentários exibindo sinais “claros” do fim dos tempos.
Este talvez seja um dos principais assuntos de hoje, inclusive no meio econômico. Se continuar assim, não haverá economia.
Há que se pensar no clima mundial, em uma forma de reunir as nações de forma que todos sobrevivam mais tempo na Terra.
Esta tem seus recursos finitos, e sabemos disso. E como tornar esses recursos duráveis? Não tem fórmula ou solução pronta. Disso todos sabem.
Lembra-se da história do “beija-flor e o incêndio na floresta”? Ele jogava a água no fogo com seu pequeno bico, e um dos animais incrédulos, lhe pergunta, por que estava fazendo aquilo, já que ele não conseguiria apagar o fogo sozinho. Ele simplesmente respondeu que estava fazendo a parte dele para que o fogo não destruísse seu lar.
E o que nós “beija-flores” estamos fazendo? Estamos levando a água no nosso bico para apagar o incêndio, ou simplesmente tomando banho de horas?
Estamos consumindo só o que precisamos, ou consumimos tudo que vemos pela frente, e jogamos fora metade do que compramos?
Quantos de nós deixamos nossos computadores ligados diariamente mesmo que não estejamos utilizando?
Quantos de nós andamos em carros sozinhos, enquanto poderíamos ir aos locais que frequentamos de transporte coletivo?
Quantos de nós, por causa da praticidade, compramos quilos e mais quilos de carne, pois cozinhar legumes exige muito mais tempo do que jogar um bife na frigideira.
Meu olho tem uma trave, e eu já a vi. Este período de digitação está sendo uma reflexão. Sabemos de tudo, e o que vamos fazer?
Trabalhamos mais, consumimos mais, temos menos qualidade de vida. Ainda somos predadores do mundo, e tínhamos uma visão que éramos evoluídos, por estarmos destruindo tudo.
E agora este relatório acaba com a esperança de futuro. Tira a trave do nosso olho e demonstra o que fizemos e aonde chegamos. E onde podemos chegar se não fizermos nada a respeito.
Focamos tanto nossos estudos e nossas caminhadas para o bem, para o amor ao próximo, para ensinarmos, para instruir-nos. Chega a ser surpreendente pensar no que causamos diariamente pelo excesso.
Vamos pensar agora, reduzir um pouco a perspectiva, pensemos que o mundo é nosso bairro, menor ainda, que é nossa casa.
Como nos sentiríamos se víssemos nossa casa, sem paredes? Sem telhado, sem nossa confortável cama? Talvez seja assim que os animais selvagens se sentem quando não encontram mais sua floresta. Nós humanos mudaríamos de endereço, esses animais se extinguem. Nestas paragens que desmatamos conjuntamente com os pecuaristas, é criado gado suficiente para sustentar esse excesso de consumo.
Façamos um paralelo agora da nossa água, essa que encontramos na torneira, como encontrariam os peixes, quando jogamos papeis de bala na rua. Vamos tomar a água com o papel de bala? Nas cidades grandes não há rios que possuam os antigos ecossistemas intactos.
O Capítulo 5 do Livro dos Espíritos trata da Lei da Conservação, e a segunda pergunta do capítulo (705) feita aos espíritos tem uma resposta contundente, e aliada ao raciocínio de que chegamos a este ponto porque desperdiçamos:
“Por que nem sempre a terra produz o suficiente para fornecer ao necessário ao homem?
– O homem a negligencia por ingratidão e, no entanto, a terra continua sendo uma excelente mãe. Além disso, ele ainda acusa a natureza por sua própria imperícia ou imprevidência. A terra produziria sempre o necessário se o homem soubesse se contentar. Se o que produz não é bastante para todas as necessidades, é porque emprega no supérfluo o que deveria utilizar no necessário. Observai o árabe no deserto: encontra sempre com o que viver, porque não cria necessidades artificiais. Porém, quando a metade da produção é desperdiçada para satisfazer fantasias, deve o homem se espantar de não encontrar nada em seguida? E terá razão de se queixar por estar desprovido quando chega a época da escassez? Na verdade, não é a natureza que é imprevidente, é o homem que não sabe regrar sua vida”.
Em 2009, o jornalista André Trigueiro, do canal GloboNews, lançou seu livro “Espiritismo e Ecologia”, pela editora da FEB. Em uma entrevista para a Revista Época, ele foi questionado “Você acha que se as pessoas tivessem mais espiritualidade, cuidariam melhor do ambiente?”
Trigueiro responde “Quem cuida do lado espiritual – e realiza essa busca solitária e persistente de Deus em si mesmo – tende a ser menos dependente dos bens materiais – portanto menos consumista – e mais atento ao legado, aos impactos de ordem material e moral de sua passagem por este planeta”.
Segundo dados divulgados pelo IBGE em 2009, o rebanho de gado bovino no Brasil cresceu 1,3% em 2008, chegando a mais de 200 milhões de cabeças, depois das quedas de 3% em 2007 e 0,6% em 2006.
Este número é superior à população total Brasileira, o que indica que estamos consumindo muito mais do que precisamos, ou ainda que desperdiçamos muito mais.
Basta fazer esta associação: se em média um boi pesa 450 quilos, significa que você sozinho, comeria no mínimo 37,5 quilos de carne bovina todos os meses; toda a população teria que comer essa mesma quantidade, e não conseguiríamos consumir os 200 milhões de bois, em apenas 1 ano.
Somos responsáveis pelo consumo, pelo excesso. Precisamos passar de Leões incrédulos, a “beija-flores”, e fazermos nossa parte para termos onde continuar nossa evolução espiritual.