Autor: Felipe Gallesco
Escolher bons temas e que sejam atuais, interessantes e úteis é uma das melhores formas para trazer novos jovens para a casa espírita e tornar os estudos ainda mais atrativos.
Não existe uma lista de assuntos que funcione igualmente bem para todos os grupos. Essa diferença é devida ao grau de maturidade dos participantes que evoluem individualmente e como grupo. É preciso conhecer a realidade e necessidade dos envolvidos, para juntos escolherem os melhores temas.
Após passar anos participando e visitando grupos de mocidade, concluí que todos os assuntos podem ser estudados e discutidos na visão espírita, não exclusivamente, todavia essa liberdade de escolha depende de um grau de conscientização que muitos grupos ainda não possuem.
Entre os tópicos que precisam ser evitados ou abordados com profundo respeito, sejam nos temários ou nas discussões, posso destacar:
- Exaltações ou críticas políticas/partidárias
- Crimes bárbaros
- Fofocas
- Críticas feitas contra pessoas e não situações
As discussões são saudáveis e bem-vindas, mas permitir a evolução para conflitos é gerar impacto entre encarnados e desencarnados, que podem se sentir atacados e ofendidos.
Sabendo o que é melhor evitar, penso que tudo pode ser estudado, com senso crítico, tendo como base nas pesquisas as obras básicas de Allan Kardec, que são o fundamento da doutrina espírita.
Como minha vivência foi participando de grupos com poucas pessoas, menos de 10, tenho preferência por realizar leitura coletiva de algum livro das obras básicas, acompanhado de discussão que relacionem a leitura com o cotidiano, levando mais materiais para complementar a reunião.
Um outro jeito de preparar os estudos é escolher um tema interessante e realizar pesquisa para apresentar esse tema de forma mais dinâmica e interativa, com um expositor responsável que, durante a apresentação, permite o grupo manifestar comentários, dúvidas e complementos. Grupos maiores preferem este formato.
Faz alguns anos que visito sites e páginas para jovens espíritas e anoto quais são as principais categorias de assuntos que geram interesse nesse público. Apesar de a juventude ser uma faixa etária que sempre se renova, algumas preferências se mantém, independe da geração. Vou listar em ordem de relevância.
Relacionamento e sexualidade
- Amor não correspondido
- Vontade de ficar com pessoas comprometidas
- Vício do sexo
- Masturbação
- Existem almas gêmeas?
- Importância do uso da camisinha
- Homossexualidade
- Dependência afetiva
- Paixão adolescente
- Traição em diferentes contextos
Planeta Terra e conscientização
- Suicídio
- Crises de refugiados
- Aborto
- Consumo e excesso de álcool
- Drogas lícitas e ilícitas
- Catástrofes naturais ou propositais
- Sustentabilidade e reciclagem
- Uso consciente da água
- Poluição e impactos no cotidiano
- Trabalho voluntário
- Importância do voto
- Pena de morte
- Estilo de vida simples
- Respeito as diferenças e diferentes
Mediunidade
- Obsessão espiritual
- Contato com mentores espirituais
- Tipos de mediunidade
- Como desenvolver a mediunidade
- Exemplos de médiuns brasileiros e casos de vida
- Medo de espírito
- Animismo
- Pode existir médium Jovem? Exemplos históricos
Espiritismo
- Como surgiu o espiritismo
- História do movimento espírita brasileiro e órgãos federativos
- Conhecendo as obras básicas de Allan Kardec
- Influência do conhecimento espírita na prática profissional
- Plano espiritual
- Pluralidade dos mundos
- Deus castiga?
- Riqueza e pobreza
- Transição planetária
- Escala espírita
- Leis divinas
- Justiça dos homens e justiça de Deus
- Animais têm alma? O que lhes acontece depois que morrem?
- Perispirito
- Futuro do espiritismo
Reforma íntima
- Como desenvolver a paciência
- Importância do perdão
- Amor como combustível para o espírito
- Dificuldades e benefícios da disciplina
- Diferentes fases da encarnação
- Recomeço e conclusão de ciclos
- Humildade
- Doenças do corpo e da alma
- Medo da morte
- Depressão
- Ansiedade
Família
- Responsabilidade de ser pai ou mãe
- Respeito por quem escolhe não ter filhos
- Casamento pode ser acidental?
Essas sugestões são ideias de temas e, após escolher qual estudar, o passo seguinte é criar um nome interessante e chamativo que desperte a curiosidade. Quanto mais criatividade, melhor o resultado.
Certa vez participei de um evento com algumas salas optativas de estudo. Uma das salas chamava Táticas de guerra, não sei qual era o tema central, porém foi a sala mais escolhida por causa do nome, eu preferi a de jornalismo.
Alguns temas são rápidos de se abordar e outros um pouco mais lentos. Quanto mais pesquisa e conteúdo tiver, mais demorado fica. É preciso respeitar essa diferença e criar cronogramas dinâmicos. No lugar de se abordar um tema diferente por reunião semanal, recomendo criar uma lista de temas em sequência, onde o próximo só começa depois que o anterior terminar e, cada tema só termina depois que todos os assuntos forem suficientemente debatidos e estudados.
Uma boa prática é divulgar bastante o cronograma de temas. Se houver a possibilidade, colar a lista na sala onde são feitas as reuniões da mocidade, no salão de palestras públicas, na internet. Além de melhorar a transparência serve para divulgação dos trabalhos.
Caso exista mais casas espíritas na mesma região, o contato com trabalhadores e participantes desses outros grupos é importante, principalmente para conhecer quais temas e didáticas utilizam, além de marcar visitas para estudos coletivos.
Criar um rodízio entre os voluntários que pesquisam e conduzem o estudo, nas reuniões, é importante para não sobrecarregar ninguém e permite que pessoas diferentes se desenvolvam e tenham protagonismo nas reuniões.
Temas fora do cotidiano dos jovens tendem a ser cansativos e desestimulantes, principalmente quando as reuniões são dirigidas com rigidez, hipocrisia e não permitem discussões saudáveis ou opiniões diferentes. Fazer ajustes para melhoria dos temários é um trabalho constante.
Já vi muitos amigos da seara, com o passar dos anos, mudarem de religião ou não serem mais frequentadores ou trabalhadores espíritas. Esse movimento é natural para algumas pessoas. Concluí que as melhores escolhas de temas não são aquelas que produzem sujeitos espíritas que conhecem, em detalhes, cada aspecto das obras básicas, mas as que preparam os participantes para fazerem escolhas mais responsáveis na vida – independente dos caminhos que escolherem.
