Autora: Cristina Sarraf
Encarnados ou desencarnados, somos Espíritos em evolução. Os pensamentos que cultivamos, aqueles que nos parecem certos e eficientes, os que abraçamos e defendemos, tem detalhamentos específicos que dão características próprias à vida de cada um.
São escolha nossa e podem ser mudados, quando percebemos que nos prejudicam.
Podemos pensar pequeno ou grande.
Circunscrever a fé na religião é pensar pequeno, por mais que seja um hábito social. Chega mesmo a ser um condicionamento, revelado pela associação automática que costuma acontecer, quando alguém diz as palavras fé e crença.
Pensar grande é analisar como é a fé e como lidamos com ela, seja onde for que a depositemos.
Por exemplo, temos absoluta certeza de que ao colocar o dedo numa tomada, receberemos um choque. Também estamos convictos de que beber água mata a sede e de que com a chave certa se abre a porta trancada. Essas certezas, convicções, não são abaladas por nada, mesmo que a chave quebre, a tomada esteja sem energia elétrica e a água tenha gosto ruim.
Por quê? Porque essa certeza é fruto de experiencias confirmadas. Por isso é fé, é crença. Fé raciocinada e não fruto do misticismo ou dos costumes.
Você tem fé que se passar tinta verde numa parede branca, ela ficará verde. Você crê 100% nisso. Crê logicamente e sem titubeio.
A fé que é conhecimento e certeza, é a nossa maior força! É como que uma lei interna, que comanda a nossa vida. No que temos fé, aí está o melhor de nós. Aí está toda energia e força moral que possuímos, mesmo que não se perceba isso. Tanto que Jesus disse que ter fé do tamanho do grão de mostarda, é suficiente para mover montanhas.
É notável que ele não refere fé a religião e sim a capacitação humana de realizar, superar-se e de domínio sobre o aparentemente impossível.
Seria vencer as montanhas de nossa ignorância, egoísmo, orgulho, complicações, medo, subjugação a outros, desvalor, preguiça…
Do ponto de vista dos Princípios do Espiritismo, o que ocorre é que a fé mobiliza nossos recursos de poder sobre nós mesmos e de ação sobre os fluidos, qualificando-os no teor dela. A decorrência disso é que pela lei de afinidade ou sintonia, mobilizamos, além de nossa força interior, outras externas, que nada mais são do que as leis de Deus ativadas a nosso favor.
Essas leis são neutras. Do modo como lidamos com elas, assim funcionam. Elas não nos condicionam, e sim nós condicionamos seu funcionamento, na conformidade do modo como pensamos e agimos.
As leis divinas estão em nossa estrutura espiritual e por isso as usamos como podemos, em função das nuances do nosso grau evolutivo, e, portanto, da especificidade do arbítrio que já temos.
No entanto, se temos fé que deixando nossos objetos arrumados não teremos dificuldade de encontrar aquele do qual precisamos, bem naquela hora em que estamos atrasados para um compromisso, em relação as coisas de ordem psicológico-comportamental, nossa fé costuma ser oscilante, e por isso não eficaz.
É que lá dentro, duvidamos que podemos vencer um problema complexo de relacionamento ou um vício de conduta ou as más influências de Espíritos em nossa família, ou a dificuldade de dizer a nossa verdade…
Uma hora cremos que soluções inusitadas existem, e lógico que não vamos controlar a situação, mas que a vida, as leis universais, por nossa fé são mobilizadas a nosso favor; no sentido que queremos/precisamos. Por exemplo, que o médico certo para nos curar, seja aquele que nos atenderá no pronto socorro.
Nessa postura firme, ajudamos para que a solução, embora não seja a sonhada, aconteça da forma possível; e quem sabe melhor!
Mas… na hora seguinte, no minuto seguinte, porque alguém disse algo, ou seja, pelo que for, começamos a duvidar: tem tanto médico picareta… e se eu der azar?
Essa oscilação impede as leis da vida, de conectarem-se e alguma coisa acontecer, tal como o médico de plantão ter que sair por meia hora e ser substituído por outro, exatamente aquele que será sensível e competente em relação ao nosso problema.
Quando estávamos firmes na fé, as coisas iam se ajeitando para o melhor. Na hora que oscilamos, que tememos, desviamos essa conjugação e complicações começam a acontecer. Então, duvidamos mais ainda e entregamos nossa fé ao medo, que é a crença no mal. Pomos a fé, todo nosso poder, no mal! E o que vai acontecer?
A vida só “age” em função daquilo no que cremos; a crença mobiliza tudo em sua direção. Já pensou?
Azar não existe, e sim nossas energias dispersas ou oscilantes ou postas no medo/mal.
Sorte é apenas a mente treinada para ter foco no bem, alimentando uma fé verdadeira naquilo que entendemos como sendo melhor e mais certo.