Autor: Wagner Ideali
Uma pequena análise que aparentemente nos mostra a existência de uma ligação entre a Física Quântica, nos estudos científicos atuais, e a Mediunidade oferecida pela Espiritualidade Maior.
O Espiritismo tem na sua base uma estrutura religiosa baseada nos ensinos do nosso Mestre Jesus.
Kardec nos ensina que o Espiritismo transcende a uma religião, pois também é uma filosofia e uma Ciência de origem experimental.
A Filosofia espírita tem seus princípios na Lei de Causa e Efeito baseada na Reencarnação. Ela pode até ser criticada pelos opositores da Doutrina, mas não tem como negar sua coerência do começo ao fim, pois nos oferece uma explicação clara da vida e da morte. Juntando a Religião e a Filosofia espírita o resultado é um princípio totalmente coerente e inquestionável, partindo da existência de um Deus infinitamente justo e bom.
O aspecto Científico da Doutrina nasce com os profundos estudos de Kardec junto aos médiuns e através de um processo experimental na mesma linha de análise utilizada por Galileu no sec. XVI, pois era assim que se utilizava na época para os estudos científicos. Um método hoje superado por novas técnicas de análise, pois a técnica de Galileu dizia que tudo para ser ciência precisava ter a possibilidade de ser mensurado e sabemos hoje que isso não é totalmente verdade, e vamos procurar explicar isso nessa nossa modesta análise.
Kardec experimentou, testou, verificou dentro das ferramentas que ele tinha em mãos (médiuns com possibilidade de errar) e realizando muitas extrapolações para chegar a afirmativas coerentes, sensatas e acertadas. O método de Kardec transcendeu ao método de Galileu, chegando algumas vezes ao método utilizado nos dias de hoje pelas ciências modernas.
Nós espíritas dificilmente nos perguntamos o quanto Kardec questionou, analisou e experimentou os seus estudos para chegar à realidade da mediunidade nos moldes que conhecemos hoje, mas seus opositores sempre questionaram a validade científica da Doutrina pela impossibilidade da repetição contínua e assertiva do processo mediúnico.
Os opositores atuais da Doutrina espírita, dentro do aspecto científico de análise, esquecem que suas posições estão baseadas num processo científico de análise antiquado que não é mais usado na atualidade. Esses processos modernos são os aplicados em estudos avançados na Física de alta energia, entre outros.
A mediunidade para ser analisada e verificada sobre sua veracidade somente será possível com métodos mais profundos e modernos, pois estamos falando de algo complexo demais para ser visto de forma superficial, senão vejamos:
A Física Quântica é sem dúvida algo apaixonante, pois ela nos mostra e prova que a energia não é contínua, mas sim funciona em pacotes de energias descontínuos chamados de “quantas de energia”. Max Planck foi um dos primeiros cientistas a idealizar essa nova ciência, e até mesmo ele demorou para aceitar suas próprias descobertas. Sua descoberta identificou que o elétron apresenta comportamento ondulatório quando não está sobre observação, ou seja, pode estar em mais de um lugar ao mesmo tempo e comporta-se como partícula no momento da observação. Não se consegue determinar a posição exata do elétron, tudo é feito por cálculo estatístico. Quando ele está numa órbita em volta do núcleo do átomo e salta para outra órbita, ele desaparece e reaparece nessa outra órbita. Realmente ele some e os cientistas atualmente realizam investigações para saber para onde ele vai. Podemos determinar a sua posição apenas de forma estatística como nos mostra a Teoria de Incerteza de Heisenberg. Além do que o instrumento de medição, que é matéria, e portanto feito de átomos, influencia na observação do elétron, porque entre outras coisas, ao jogarmos luz no objeto de análise, estamos dando energia para ele, o que altera, portanto, o seu estado energético. A energia dos átomos dos instrumentos interfere nos átomos em estudos. Complica-se então todo o processo de análise e observação.
Podemos perceber o que ocorre na Física de alta energia, verificamos que a investigação da mediunidade não é diferente, pois o circuito médium-espírito é influenciado pelo médium, pelos presentes na sala, pelas energias circundantes, da mesma forma que o instrumento e tudo mais em volta influenciam o estudo das partículas atômicas, quando da sua investigação.
Os Estudos de Einstein em torno da Relatividade nos mostra que quando estamos num sistema de altíssima velocidade, próxima à velocidade da luz, o tempo diminui bem, como as medidas físicas do mundo em volta. Estamos falando de uma forma mais simples para melhor entender esse sofisticado conceito, pois o objetivo é relacionar e explicar como a Mediunidade não é uma brincadeira de teatro ou para ser usada para exaltar a nossa vaidade ou obter algum resultado de interesse pessoal, mas sim uma ferramenta de evolução complexa, profunda e importante em nossas vidas.
O físico teórico Fritjof Capra tornou-se mundialmente famoso com seu O Tao da Física, traduzido para vários idiomas. Nele, o Físico traça um paralelo entre a Física moderna (relatividade, física quântica, física das partículas de alta energia) e as filosofias e pensamentos orientais tradicionais, como o Taoista de Lao Tsé, o Budismo (incluindo o Zen) e o Hinduísmo. Surgido nos anos 70, O Tao da Física busca os pontos comuns entre as abordagens oriental e ocidental da realidade.
Os estudos de Capra procuram mostrar a Física não mais como uma Ciência fria, mas como uma Ciência que hoje transcende a nossa observação apenas material das coisas.
Quando estamos falando na dedicação ao trabalho, seja no campo da espiritualidade ou no campo científico, ocorrem situações muito parecidas como podemos ver nos dois exemplos a seguir:
- O Matemático alemão Gauss contou que sua mente estava absorta no problema de um Teorema de números, mas não era capaz de vislumbrar uma solução. Mas, num momento, pela graça de Deus, como disse ele, eu vi a coisa toda se movimentar na minha frente como um relâmpago. O difícil foi depois explicar como cheguei a essa solução dentro de todo embasamento matemático necessário.
- Com Henri Poincaré também ocorreu algo parecido, pois trabalhou durante semanas num problema envolvendo funções automórficas. Depois de muito estudo e cansado, perdeu o sono e foi tomar café e, num flash, viu tudo na sua frente, todas as combinações que tanto procurava, num simples abrir e fechar dos olhos. Depois dessa ocorrência, levou um tempo enorme para explicar matematicamente tudo que ele tinha visto naquele memorável instante de sua vida.
Na mediunidade ocorrem situações muito próximas como nos eventos acima, pois os médiuns, em algumas situações, têm o contato com a espiritualidade, recebem as intuições e têm dificuldade para expressar a ideia, seja numa psicofonia, psicografia ou até mesmo vidência e audiência.
Podemos ver que as percepções mediúnicas estão muito próximas das percepções obtidas nas descobertas de Gauss e Poincaré, pois tudo indica que se tratava da Intuição na sua forma mais profunda.
A Mecânica Quântica ainda não tinha sido estudada na época de Kardec, mas os Espíritos já adiantavam que os avanços científicos no futuro seriam capazes de explicar melhor os fenômenos mediúnicos que por hora seriam limitados apenas no aspecto de fluxo de fluidos e sintonia médium-espírito, falando de forma superficial. Sabemos hoje que o processo mediúnico segue impulsos, pacote de informações passadas pela espiritualidade, seja pelos irmãos sofredores ou pelos benfeitores espirituais, através, muitas vezes, de ideias, temas, formas e intuições breves ou muitas vezes profundas.
Importante ficar claro que estamos tentando realizar uma análise de um entendimento da mediunidade em comparação com as descobertas científicas mais modernas e tudo nos conduz a entender que a ciência atual pode contribuir para melhor entender a mediunidade, pois, nós espíritas sabemos que a mediunidade é um fato incontestável.
Não estamos aqui falando da prática mediúnica, pois ela precisa seguir padrões morais, praticar a reforma íntima e aplicar os ensinamentos de Kardec, pois ele nos convida a uma preparação adequada para o seu exercício sempre com Jesus.
O que estamos procurando colocar é a mediunidade mais além daquela já estabelecida em nossos corações. Precisamos conhecer seus aspectos de forma mais profunda dentro de uma análise científica como sempre nos pediu o Mestre Kardec.
Kardec, com sua capacidade extraordinária de análise e síntese, conseguiu estudar a mediunidade mesmo usando um processo antigo de estudo científico que é o processo experimental de tentativa e erro. Ele foi muito feliz nas suas análises, pois deixou para a humanidade um tratado de mediunidade em O Livro dos Médiuns, que ninguém até hoje conseguiu fazer nada melhor nessa área.
Fica a pergunta: os opositores do processo mediúnico estão abordando a mediunidade de forma cientificamente correta? No nosso entender não. Só será possível comprovar o método de Kardec através de um estudo muito apurado, utilizando técnicas modernas utilizadas pela ciência na atualidade e assim mesmo requer alguns princípios e procedimentos muito delicados e profundos. Para nós espíritas ela é uma realidade incontestável e verdadeira e já mostrou inúmeras vezes a sua veracidade, e continua mostrando todos os dias.
Ensina-nos Jesus “que veja quem tem olhos de ver e ouça quem tem ouvidos de ouvir”.
Enfim, comparando os estudos atuais da Física Quântica com o mecanismo da Mediunidade, podemos ver muitas situações que se agregam e se explicam, pois há muitas coisas em comum. A mediunidade em si trabalha com energias sutis de difícil análise e um processo de mensuração difícil, como ocorre com a Física Quântica para as partículas de alta energia. Não estamos falando dos estudos quânticos dentro do campo do misticismo, mas sim da Mecânica Quântica de Planck e Heisenberg, com toda a sua complexidade matemática.
A mediunidade segue todo um processo que vai desde a Prece de abertura, uma leitura edificante, reforma íntima do médium, ambiente preparado ao redor do médium, concentração, pessoas preparadas e tudo mais que estamos acostumados nos Centros Espíritas Sérios e, além do que, no dizer de nosso querido Francisco Cândido Xavier, o telefone da Espiritualidade toca de lá para cá. Precisamos respeitar e entender todas essas etapas para um bom resultado das comunicações mediúnicas.
Da mesma forma que os estudos científicos modernos requerem uma abordagem diferente e precisa, a mediunidade também precisa dessa abordagem precisa e profunda, e não simplesmente dizer: Isso não existe ou isso é obra da imaginação dos espíritas. A Mediunidade está ligada à sensibilidade humana aliada ao seu psiquismo profundo, conquistas espirituais que estão guardadas no seu inconsciente profundo, como nos ensina Joanna de Ângelis, em seus estudos, e dedicação ao próximo, dentro de atos de amor.
Nosso objetivo nesse pequeno texto é uma pequena colaboração para mostrar a grandiosidade do trabalho de Kardec junto aos Espíritos e perceber que os Cientistas modernos, sem se utilizarem de mecanismos preconceituosos, mas sim de uma análise baseada nos modernos estudos científicos, podem aprofundar os conhecimentos e ligar Religião com a Ciência, como propôs Kardec, como têm trabalhado na atualidade alguns Físicos como Fritjof Capra e Amit Goswami. Assim sendo, vamos estudar, meditar e exercitar, sempre com o amparo de Jesus, essa bendita ferramenta de evolução e aprimoramento que Deus nos concede, chamada MEDIUNIDADE.
Que Jesus continue abençoando todos nós hoje e sempre.
O consolador – Ano 10 N 478