O irmão do Evangelista
O nome Tiago significa o mesmo que Jacó que, segundo uns, quer dizer “Deus proteja”, segundo outros “suplantador”. No Novo Testamento figuram pelo menos 4 Tiagos.
Um dos que se chamavam Tiago era denominado Tiago, o Maior, para diferenciar de Tiago, o Menor.
Era filho de Zebedeu e Salomé, portanto, irmão de João, o Evangelista.
Nasceu em Betsaida da Galiléia, e, tal como seu irmão, era pescador.
Há os que o descrevam como um jovem individualista e ambicioso. No entanto, ao contato com Jesus, transformou sua ambição em poder aliviar a dor das pessoas e ajudá-las a encontrar a mais excelente fonte de amor, a Boa Nova.
Transformou-se num homem robusto, bem diferente do jovem frágil e inseguro dos tempos em que largou os barcos de seu pai para seguir o Mestre de Nazaré.
Quando se menciona o seu nome, nos Evangelhos, está ligado aos nomes de João e Pedro, quase sempre precedente ao de João, o que nos leva a concluir que ele era irmão mais velho de João. Em algumas anotações evangélicas, ocorre a inversão dos nomes, vindo João primeiro (Atos 1:13), o que se deve, possivelmente, ao grande prestígio de João, como “discípulo amado” de Jesus.
Fazendo parte dos três sempre chamados por Jesus, para acompanhá-Lo, o vemos presente na transfiguração (Mt. 17:1; Mc. 9:1 e Lc. 9:28), na cura da sogra de Pedro (Mc. 1:29), na cura da filha de Jairo (Mc. 5:37 e Lc. 8:51), na agonia de Jesus, no Getsêmani (Mt. 26:37 e Mc. 14:33).
Alguns episódios envolvendo Tiago merecem relevância.
Conforme Marcos (10: 35-45) ele e João foram pedir a Jesus que lhes fosse permitido sentarem-se um à direita, e outro à esquerda, quando Jesus estivesse em Sua glória, fato que gerou indignação entre os outros dez apóstolos. Mateus (20:20-28) se refere ao fato como tendo sido sua mãe que realizou tal pedido a Jesus.
De toda forma, a resposta de Jesus lhes serviu de grande lição. Depois de lhes ter falado do conteúdo amargo do cálice do testemunho que lhes competia sorver, e Ele lhes diz que verdadeiramente o sorveriam, reuniu os doze e lhes disse que aquele que desejasse ser o maior entre eles, fosse o servidor de todos. E, mostrando a Sua humildade, ressaltou ainda que somente ao Pai competia conceder esse ou aquele privilégio.
Em outro momento, atravessava Jesus com seus discípulos a terra de Samaria, para ir a Jerusalém.
Era sua última viagem para a capital. Restavam-lhe ainda uns seis meses de vida terrena. Desde esse outono até a próxima primavera, o campo da Sua atividade seriam Jerusalém e arredores.
Narra Lucas (9:51-55) que Ele despachou mensageiros adiante de si, que chegaram a uma povoação dos samaritanos para lhe preparar pousada.
No entanto, como nada mais desagradasse os samaritanos do que verem israelitas se encaminharem para Jerusalém, à época das festividades religiosas, não O desejaram receber.
Então Tiago e seu irmão João perguntaram a Jesus:
“Senhor, queres que mandemos cair fogo do céu para os devorar?”
Era o espírito de impetuosidade que falava naquelas bocas ainda jovens. Jesus os acalma, enfatizando que não viera para perder as almas, mas sim para as arrebanhar ao Seu reinado de amor.
Foi nessa ocasião que ambos, Tiago e João, receberam do Mestre de Nazaré o apelido significativo de “filhos do trovão”. Após a crucificação de Jesus, há referências de Tiago na Galiléia (Jo. 21:1-14), como partícipe da pesca milagrosa, no lago do Tiberíades. Depois, em Jerusalém.
O fim de sua vida terrena tem episódios surpreendentes. Chegou a Jerusalém, “com a primitiva franqueza dos anúncios do novo Reino. Inadaptado ao convencionalismo farisaico, levara muito longe o sentido de suas exortações profundas.” (Paulo e Estêvão)
Repetiram-se os acontecimentos que assinalaram a morte do primeiro mártir, Estêvão. Os judeus se exasperaram.
“Sua atitude, sincera e simples, foi levada à conta de rebeldia.”
Denunciado, ele foi preso, levado ao banco dos réus, interrogado e condenado. Era o governo de Herodes Agripa, sucessor de Herodes Ântipas. Amigo do Imperador Calígula, foi favorecido por ele com o título de rei e de duas tetrarquias do Norte da Palestina, também a Galiléia e a Peréia.
O denunciante, diante da atitude serena do mártir, arrependeu-se de tal forma que, enquanto conduziam Tiago para a execução, se declarou também cristão, sendo condenado a morrer com ele.
Durante o trajeto, pediu a Tiago que o perdoasse. Tiago se voltou para ele e num gesto sublime, o beijou, chamando-o de irmão e lhe desejando paz.
Tiago foi decapitado, tornando-se o primeiro apóstolo de Jesus a morrer, na defesa de Sua Causa.
Segundo o historiador Daniel Rops, seria o ano 41 da era cristã.
Bibliografia
01. CURY, Augusto. Uma carta de amor: o final da história dos seus discípulos. In:___. O mestre inesquecível. São Paulo: Academia de Inteligência, 2003. cap. 11.
02. PALHANO JR., L. Tiago. In:___. A carta de Tiago. Niterói: FRÁTER, 1992. cap. 1.
03. PEREIRA, Yvonne A. Tiago, irmão de João. In:___. Cânticos do coração. Rio de Janeiro: CELD, 1994. v. 1, cap. 1.
04. XAVIER, Francisco Cândido. Primeiros labores apostólicos. In:___. Paulo e Estevão. ed. especial. Rio de Janeiro: FEB, 2002. pt. 2, cap. 4.
(Fontes: Matéria publicada no Jornal Mundo Espírita – maio/2005. http://www.feparana.com.br/biografia.)