Autor: Thiago Rosa
Não é de hoje que a Confraternização das Mocidades e Juventudes Espíritas do Estado de São Paulo, nossa tão saudosa COMJESP , tem ganhado espaço entre capas e notícias do FM!. Desde que retomamos no meio do ano passado o Boletim, acredito que não faltou uma edição em que dedicamos pelo menos uma linha ao nome do evento de Rio Claro.
É desde lá que o frio na barriga me tomava conta. Afinal, a partir do momento que comecei a fazer parte da Regional São Paulo, tendo este boletim como responsabilidade, não poderia faltar em encontro de tal proporção. E por incrível que pareça, depois de anos dentro do movimento, é o primeiro evento desta magnitude, que inclui almoços, jantas, convívios e estudos por dias – que vou.
Desta forma, com o frio na barriga tomado desde o início, com alguns receios que me aflorava pelo corpo todo, fui na mais inocência e desconhecimento total do tipo de trabalho realizado em um encontro tão enriquecedor. Já adiantando o final de tudo, vejo o motivo de meus amigos voltarem sempre felizes, cheios de fotos, alegrias e contos depois de uma confraternização tão envolvente.
Confesso que na semana que antecedeu a COMJESP um outro frio na barriga, mais brusco, me tomava por todo devido a data estar se aproximando tão rapidamente. E não é que o momento tão esperado e receoso chegou, passou e aconteceu… Nossa, a COMJESP 2006 já foi. Está na lembrança, viva como uma chama que nunca deve ser apagada.
É tudo tão rápido. Quando nos deparamos lá estamos nós dentro do ônibus, rodeados de amigos, de pessoas envolvidas num ideal comum. Tão feliz que é aquele momento de encontro, de rever as pessoas e saber que vai cruzar e conviver com elas por alguns dias. Aquela marcha de jovens que se mostram pelo olhar, pela vibração gostosa que qualquer frio na espinha se esgota diante de tão bonito acontecimento.
A paisagem voando pela janela afora. As vozes repercutindo e a música rodeando nossos ouvidos. E tão surpreendente é quando a massa corpórea de rostos felizes desembarca no meio do caminho, reunindo jovens de dois outros ônibus vindos de São Paulo. Aquela multidão tomando conta do pátio. Caraca! O povo, até surpreso com tantos jovens que se abraçavam, passavam despercebidos.
Quando chegamos ao nosso destino, no céu estatelava um sol radiante ‘diante’ de uma abóbada de azul celestial. O calor que nos fazia suar as calças era tão diferente daquele calor que encontramos na multidão que nos esperava na quadra da faculdade, tão enormes ao primeiro olhar. Aquilo tudo parecia um labirinto, que em tão poucas horas desvendávamos seus segredos e a novidade parecia já nos acostumar.
Que felicidade. Que surpresa. Quantos jovens. Quantas caras. Quanta gente. Quantos quês! E quantas conversas e encontros abraçados ganhavam espaço. Tão bonito a juventude. Como queria que muitos estivessem naquele laço de amizade e carinho. Como me senti surpreso e amparado ao primeiro olhar. Tudo tão diferente do que imaginava. O receio parecia ter se escondido, ter ficado para trás. Que receio que nada, nem disso eu lembrava.
Após caminharmos para o almoço, na fila muito alegre com as pessoas cantando, saboreando aquele momento fraternal, a tarde reservava uma contente surpresa. O primeiro módulo de estudo nos apresentava uma das melhores “vivências” que já presenciei. Nos fazendo regredir ao passado, nos vestir diante de tantos momentos que marcaram a evolução terrestre, retratando os momentos mais torturantes, mais covardes e animalescos possíveis aos dias de hoje, a dinâmica de uma hora só foi o aperitivo para a discussão que viria depois. Começávamos ali a abordagem do tema “Sexo: não reprimir, nem aviltar: Educar”.
Quando a noite começou a ganhar espaço, a fila do banho gelado parecia se perder de vista e o cheiro do jantar parecia tomar conta. Com os crachás em formato de coração dependurado no peito e a bolsinha de TNT, para carregar o material de estudo, colada ao corpo, a conversação fluia e o palco instalado na quadra começava a ser rodeado de vozes e expressões de amizades de diferentes tipos. A primeira noite terminaria com dois shows maravilhosos, o que nos faria depois derramar em sono profundo para o descanso da sonoterapia.
O sol das 6h nos despertava para o novo dia que começara nublado e depois daria espaço para um novo sol reluzente que nos aqueceria até o final da tarde. Mais dois módulos de estudos seriam propostos. “Sexualidade sob a lei de causa e efeito” pela manhã nos fez deparar com oito textos a serem trabalhados. Temas muito ligados às relações afetivas do jovem como o “ficar” e conseqüências do sexo como gravidez, aborto, aids; a questão da moral ; o preconceito e homossexualidade ganharam discussão acalorada muito bem orientada e acompanhada pelos monitores, com direito inclusive a um monólogo retirado do livro “Céu e Inferno”. Aliás, a pouca timidez inicial já se perdera e as pessoas se mostravam mais descontraídas e prontas para opinarem sem receio.
No período da tarde a arte ganhou espaço. Seriam mais de três horas para falarmos da energia criadora que existe dentro de cada um, que dá pra ser canalizada de diversas formas. Orientados pelo texto da Dora Incontri, uma segunda vivência me fez sair de órbita por alguns minutos . Como um sonho que nem consigo me recordar. Sei que flutuei por alguns instantes e retornei na mais completa paz e tranquilidade. Nunca me senti tão reconfortado, tão bem iluminado, tão feliz e animador. Foi incrível.
Com o show do Grupo Arte Nascente – GAN – que veio diretamente de Goiás pra nos presentear com uma apresentação deslumbrante, a noite se encerraria para nos brindar a entrada do último dia de evento.
Páscoa. Um domingo de páscoa que nunca tinha ficado tão longe de minha família. E por momentos, nem lembrava que era feriado “santo”. Mas uma saudade já começava a bater no peito quando iniciamos o quarto e último módulo. A chuva lá fora, pela primeira vez, dava sua graça numa manhã fria e gostosa. A discussão já começava a dar seu ar de despedida e as pessoas já pareciam tão diferentes de quando entramos pela primeira vez na sala e apresentamos nossos nomes. “Sexo, sublime tesouro” foi o tema que nos felicitou para encerrarmos todo o contexto do evento.
Vendo as fotos agora, e relembrando as despedidas com lágrimas de um evento deslumbrante, o qual meu último passo foi entrar no ônibus de volta pra casa, lembro daquela música que cantamos no final: “Vivemos esperando dias melhores. Dias de paz, dias a mais. Dias que não deixaremos para trás… Dias melhores pra sempre!”.
Opiniões de outros jovens que participaram da COMJESP
“Nós estávamos esperando este encontro fazia muito tempo. E quando começa passam-se todas as ansiedades, todas as borboletas no estômago e ficamos muito felizes com o trabalho que é realizado, vendo que deu tudo certo e a alegria de todo mundo”. – Luiza Moreira, 20 anos – Atibaia; monitora da COMJESP.
“É uma experiência assim, sempre nova. Ser monitor na COMECELESP, na COMJESP é magnífico sempre, mas também sempre tem sua característica especial, eu acho. Cada participante…, parece que o pessoal participou mais do que nas outras vezes. Isso faz com que ficamos emocionados e, cativa a ponto de querer mais e mais. Vou voltar agora para Mogi Guaçú e o pessoal da mocidade vai ter que nos suportar deste ânimo que adquirimos aqui. E como o Rodrigo (Neris) já disse, isso aqui já estava preparado há muito tempo. A espiritualidade estava planejando com a gente e quando chegamos aqui tem esta energia boa, esta coisa gostosa que só tem a cativar. É magnífico, é muito bom. Talvez tenhamos até aprendido mais que os participantes, mas isso é até relativo. Isso vai do sentimento e de como a pessoa está para aprender. Se ela está disposta para isso mesmo, porque tudo nós podemos adquirir aprendizado, basta estarmos atentos”. – Saulo de Rezende, 20 anos – Mogi Guaçú; monitor da COMJESP.
“Dizem que a primeira vez a gente não esquece, e foi assim para mim! Puder ver muitas pessoas diferentes, mas todas com o mesmo sentimento e desejo de confraternizar-se! Foi muito bacana”. – Francisco Carvalho Junior, 23 anos – São João da Boa Vista; participante da COMJESP.
“Uma experiência pra toda minha vida. Isso mudou minha vida, foi muito bom. Me dá vontade de trabalhar, de me inteirar mais nesta doutrina tão maravilhosa”. Fernando Gaspareto, 17 anos – São Paulo; participante da COMJESP