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Tristeza e melancolia

Autor: Wagner Ideali

Sabeis por que, às vezes, uma vaga tristeza se apodera dos vossos corações e vos leva a considerar amarga a vida? 

O Evangelho segundo o Espiritismo, Cap. V, item 25

Muitas vezes sentimos uma certa inquietação mostrando que a vida não está seguindo conforme planejamos e nos leva a uma certa melancolia, tristeza e, até mesmo, depressão.

Quantas vezes estando em busca de algo, mas não logrando êxito, passamos a ter uma certa tristeza, desânimo profundo, nos revoltamos, renegamos a beleza da vida e até mesmo a Deus.

Outras vezes a tristeza e a melancolia aparecem do nada, sem motivo aparente, afeta nossa vida e não sabemos por que isso acontece.

Normalmente buscamos uma alegria sem profundidade, bem como uma felicidade fácil, aquela que venha saltar aos olhos e estar conosco a todos os momentos, e muitas vezes buscamos certas alternativas não muito elegantes e saudáveis como saídas, e talvez soluções, para essa suposta alegria e felicidade.

No século passado, ao se dedicar a entender a solidão, ansiedade, tristeza e melancolia do homem moderno, o psicólogo americano Rollo May apontou o “vazio existencial” como um dos problemas fundamentais da época.

Apesar de toda tecnologia que nos coloca muito próximos uns aos outros, continuamos longe, com uma solidão muitas vezes doentia.

Pensando nessas situações fizemos algumas considerações referentes ao tema, buscando as respostas no redentor Evangelho de Jesus, em Joanna de Ângelis e no nosso querido André Luiz.

Joanna de Ângelis assevera que “A depressão é doença da alma, que se sente culpada, e não poucas vezes, carrega esse sentimento no inconsciente, em decorrência de comportamentos infelizes praticados na esteira das reencarnações, devendo, em consequência, ser trada no cerne da sua origem”.(1)

Podemos ver que a tristeza pode não ser resultado do momento, mas estar gravada no profundo do nosso ser, devido a atos e comportamentos inadequados no passado. Assim devemos lutar internamente frente às nossas atitudes e reconhecer a necessidade de mudança. Entender que a escola da vida nos proporciona oportunidades de mudança intima em primeiro lugar e depois externa.

Em O Evangelho segundo o Espiritismo(2), vamos ver as instruções dos Espíritos quando eles nos convidam à reflexão, nos ensinando que… “Crede-me, resisti com energia a essas impressões que vos enfraquecem a vontade. São inatas no espírito de todos os homens as aspirações por uma vida melhor; mas não as busqueis neste mundo e, agora, quando Deus vos envia os Espíritos que lhe pertencem, para vos instruírem acerca da felicidade que Ele vos reserva; aguardai pacientemente o anjo da libertação, para vos ajudar a romper os liames que vos mantêm cativo o Espírito”.

Precisamos nos conscientizar que a vida é breve, e devemos aproveitar o máximo cada oportunidade e momento para crescer dentro de aspectos profundos do nosso ser, como nos ensina Jesus: “Não acumuleis tesouros na Terra, onde a ferrugem e os vermes os comem e onde os ladrões os desenterram e roubam; acumulai tesouros no céu, onde nem a ferrugem, nem os vermes os comem; porquanto, onde está o vosso tesouro aí está também o vosso coração“. (3)

A luta incessante do bem sofrer, da mudança íntima que vai nos trazer equilíbrio e paz, e o que seria felicidade real se não vivermos em paz dentro de nós?

Compreender e respeitar o próximo é uma forma eficaz de caridade.

A prece, perdão, amor e fé são instrumentos para vencer esses sentimentos que querem nos derrubar. Alegria obtida com meditações no nosso dia a dia através de recolhimento para sentir a espiritualidade à nossa volta, nos ajudando a vencer as dificuldades, vai permitir uma mudança passo a passo.

Nós aprendemos na Doutrina espírita que o desenvolvimento mediúnico necessita de constante estudo e reflexão, principalmente junto às obras da Codificação, deixando isso muito claro para nós. Mas seriam somente os médiuns os que precisam estudar? Podemos perceber que todos precisamos nos conhecer, estudar, praticar e viver a nossa vida de forma intensa, com amor, perdão e muito trabalho. Os médiuns são mais sensíveis aos agentes externos que tentam nos derrubar, por isso, temos o conselho do Mestre quando nos diz: Orai e vigiai.

Kardec nos convida ao estudo constante para nos descobrirmos, nos conhecermos e somente assim, aliando conhecimento, recolhimento, prece e muito trabalho, é que vamos descortinar um mundo novo dentro de nós para obter a verdadeira Paz, alegria e felicidade.

Podemos também perceber que felicidade, prazer e alegria baseados em futilidades, busca para satisfazer apenas o sensorial, o mundo externo de nós, com certeza, em pouco tempo, vamos nos esbarrar no vazio profundo e gerar mais tristeza e melancolia; o que é perene não é o concreto e material, mas sim o abstrato e espiritual realizado dentro de nós.

Reconhecer no mundo à nossa volta uma oportunidade bendita de evolução e aprendizado, pois assim não teremos tempo para tristezas, melancolia; e todo sentimento negativo nos traz desequilíbrio, acarretando doenças.

Assim, estando nós ocupados em seguir e praticar os ensinos sublimes do nosso Mestre, a cada dia com muito trabalho, determinação e alegria verdadeira nascida do dever realizado, vamos vencer esses sentimentos de tristeza e melancolia.

André Luiz nos convida à reflexão profunda quando diz:

Quando você se observar, à beira do desânimo, acelere o passo para frente, proibindo-se parar. Ore, pedindo a Deus mais luz para vencer as sombras.

Faça algo de bom, além do cansaço em que se veja.

Leia uma página edificante, que lhe auxilie o raciocínio na mudança construtiva de ideias.

Tente contato de pessoas, cuja conversação lhe melhore o clima espiritual.

Procure um ambiente, no qual lhe seja possível ouvir palavras e instruções que lhe enobreçam os pensamentos.

Preste um favor, especialmente aquele favor que você esteja adiando.

Visite um enfermo, buscando reconforto naqueles que atravessam dificuldades maiores que as suas.

Atenda às tarefas imediatas que esperam por você e que lhe impeçam qualquer demora nas nuvens do desalento. 

Guarde a convicção de que todos estamos caminhando para adiante, através de problemas e lutas, na aquisição de experiência, e de que a vida concorda com as pausas de refazimento das nossas forças, mas não se acomoda com a inércia em momento algum.(4)

Assim vai ficando cada vez mais claro quando Jesus nos aconselha: Buscai primeiramente o Reino dos Céus e a sua justiça, que todas as outras coisas vos serão dadas de acréscimo.(5)

Referências 

[1] Joanna de Ângelis, Vitória Sobre a Depressão, pp. 8-9.

[2] O Evangelho segundo o Espiritismo, Cap. XXV, item 6.

[3] O Evangelho segundo o Espiritismo, Cap. V, item 25.

[4] André Luiz – Francisco Cândido Xavier, Busca e Acharás.

[5] O Evangelho segundo o Espiritismo, Cap. XXV, item 6.

O consolador – Ano 9 – N 449

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