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Um outro ponto de vista sobre nossos anjos guardiães

Autor: Hugo Alvarenga Novaes

Afirma-nos Kardec: “O Espiritismo é o resultado de uma convicção pessoal…[1], como também nos diz o Espírito Platão: “Limitada tendes, é certo, a vossa razão…”[2]

Mas, indo ao tema em questão, achamos o Espiritismo extremamente consolador e temos que a Doutrina dos anjos guardiães traz-nos um grande alento, partindo da premissa de que nunca estamos sozinhos.

O ponto chave é saber quem nos acompanha e principalmente por qual motivo o está fazendo.

Dizemos isso porque ficamos pensando sobre os anjos guardiães e sobre esse assunto me indago.

Será que esses seres que constantemente querem o nosso bem, são realmente Espíritos Superiores ou será que são unicamente superiores a nós?

Sobre o Espiritismo, no primeiro livro que Kardec publicou (18/04/1857), em sua segunda tiragem que saiu no ano de 1860 e que por sinal é esta que adotamos até hoje, vemos na pergunta e resposta 514 do OLE, por qual nome devemos chamar os Espíritos que nos protegem. E nos é respondido que podemos chamá-los como quisermos e que devemos ter consciência de que há gradações entre eles.

Em nota posterior, Kardec disse que “o anjo de guarda é sempre um Espírito superior ao protegido”. Todavia, a nosso ver, se observarmos o contexto da narrativa, veremos que não foi bem isso que o Codificador da Doutrina Espírita quis nos dizer. Basta atentarmos para o fato de que “tanto o Espírito que é menos, quanto o mais elevado, são superiores ao encarnado”.

Na internet também colhi o seguinte relato:

Muitos pensam que seu anjo de guarda ou Espírito Protetor seja um ser elevadíssimo, um Espírito Superior – isso é uma presunção. Seria o mesmo que pretendermos que o Ministro da Justiça viesse resolver a nossa questiúncula com nosso vizinho. Para isso, existe uma autoridade específica. Que temos diversos Espíritos que se interessam pela nossa proteção e desenvolvimento, não resta dúvida, mas que os mesmos sejam de ordem superior é pura vaidade de nossa parte…[3]

Realmente há pessoas que não admitem ser aconselhadas por seres espirituais muito elevados a elas. (Ver notas 1 e 2). Todavia, para nós, a Codificação Kardecista deve ser interpretada como nos ensinou Kardec.

Apenas para fins ilustrativos, vejamos o que a Bíblia nos mostra: “Olhai para as aves do céu, que não semeiam, nem ceifam, nem ajuntam em celeiros; e vosso Pai celestial as alimenta. Não valeis vós muito mais do que elas?[4]

Ora, se Deus que é tão superior a nós se preocupa conosco, é claro que ele vai colocar alguém para velar por cada um.

Os Espíritos bons da Codificação Espírita, mostrando toda sabedoria, também falaram que “Deus se ocupa com os seres mais pequeninos”.[5]

E os Espíritos superiores São Luís e Santo Agostinho nos revelaram:

“[…] Oh! Interrogai os vossos anjos guardiães; estabelecei entre eles e vós essa terna intimidade que reina entre os melhores amigos. […]

Aos que considerem impossível que Espíritos verdadeiramente elevados se consagrem a tarefa tão laboriosa e de todos os instantes, diremos que nós vos influenciamos as almas, estando embora muitos milhões de léguas distantes de vós. O espaço, para nós, nada é, e não obstante viverem noutro mundo, os nossos Espíritos conservam suas ligações com os vossos. […] Cada anjo de guarda tem o seu protegido, pelo qual vela, como o pai pelo filho. Alegra-se, quando o vê no bom caminho; sofre, quando ele lhe despreza os conselhos.

Não receeis fatigar-nos com as vossas perguntas. Ao contrário, procurai estar sempre em relação conosco. Sereis assim mais fortes e mais felizes…”[6]

Amigos, prestem atenção na fala acima! Refleti bem sobre ela e veja para qual lado a sua razão penderá.

E também defendendo a nossa teoria, encontramos esses dizeres dos Espíritos:

 “[…] Não creias, todavia, que os Espíritos bem-aventurados estejam em contemplação por toda a eternidade. […] dão útil emprego à inteligência que adquiriram, auxiliando os progressos dos outros Espíritos. Essa a sua ocupação, que ao mesmo tempo é um gozo”.[7]

Com esses dizeres que acabamos de ler, tudo nos leva a crer que os anjos guardiães são espíritos superiores que dão guarida aos inferiores.

Caros leitores, o raciocínio é simples! O Kardecismo nos diz que tudo se encontra em um processo evolutivo das almas. “Mas como assim?” Perguntarão alguns. E continuarão indagando: “O que são os anjos da guarda?” Respondo-lhes que estes são meramente o homem ou a alma humana, como preferirem, que atingiu um estado moral mais evoluído.

Mas no Evangelho, que foi escrito anos depois, é que vemos mais claramente este parecer de Kardec. Afinal, vale sua última opinião. Não é verdade? Leiam-na abaixo:

“[…]

Além do Anjo guardião, que é sempre um Espírito superior, temos Espíritos protetores que, embora menos elevados, não são menos bons e magnânimos. Contamo-los entre amigos, ou parentes, ou, até, entre pessoas que não conhecemos na existência atual. Eles nos assistem com seus conselhos e, não raro, intervindo nos atos da nossa vida.

Espíritos simpáticos são os que se nos ligam por uma certa analogia de gostos e pendores. Podem ser bons ou maus, conforme a natureza das inclinações nossas que os atraiam.

[…]

Deus, em o nosso anjo guardião, nos deu um guia principal e superior e, nos Espíritos protetores e familiares, guias secundários…[8]

Achamos este, um discurso lógico e condizente com a Doutrina Espírita.

Prezados confrades espiritistas, aqui no capítulo 28 de O Evangelho segundo o Espiritismo, nos prefácios das preces, Kardec nos dá verdadeiras “pérolas doutrinárias” e esclarecimentos, principalmente no que concerne aos anjos guardiães.

Fica-nos claro que há três categorias de Espíritos que nos protegem. 1ª. Os Anjos guardiães, que SÃO SEMPRE um Espírito superior. 2ª. Os Espíritos protetores que, EMBORA MENOS ELEVADOS, não são menos bons e magnânimos. Por fim temos a última que nos mostra que os Espíritos simpáticos são os que se nos ligam por uma certa analogia de gostos e pendores. PODEM SER BONS OU MAUS, conforme a natureza das inclinações nossas que os atraiam. Nesta que está o problema. Aqueles são sempre benévolos, mas estes últimos poderão nos conduzir para o bem ou para o mal. Dependerá para qual lado penderemos. Visto isto, é de extrema importância que sigamos a exortação de Jesus: “Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; o espírito, na verdade, está pronto, mas a carne é fraca”.[9]

Reparem bem: “todo anjo de guarda é sempre um anjo protetor. Mas nem todo anjo protetor é um anjo de guarda”. Futuramente o segundo se tornará um primeiro. Mas naquele instante não! Quanto aos nossos anjos guardiães, esse é um detalhe fundamental, que sempre deve ser, além de observado, bem analisado.

No CI, cap. 3, itens 12 e 13, vemos claramente a subdivisão dos Espíritos puros. Visto isto, perguntamo-nos: por que os anjos guardiães não o fariam também?

Para nós é de grande relevância os 3 exemplos abaixo:

1 – Espíritos superiores = CI, cap. 10, it. 12.

2 – Espíritos protetores = OLE, q. 507.

3 – Espíritos simpáticos = RE, 05.1866, UM PAI NEGLIGENTE COM OS FILHOS, p. 193.

Aos confrades que afirmam ser o nosso anjo guardião não tão elevado, no nosso parco modo de ver as coisas, achamos que sim. Pois na frase contida no Evangelho, ou seja, a que nos mostra: “Além do Anjo guardião, que é sempre um Espírito superior[10], no texto original no idioma Francês, não aparece os vocábulos “a nós” ou “qualquer termo do gênero”. Para afirmarmos isso, tivemos o cuidado de buscar o referido trecho. Ei-lo abaixo para que qualquer pessoa possa vê-lo:

“[…] Outre notre ange gardien, qui est toujours un Esprit supérieur, nous avons des Esprits protecteurs qui, pour être moins élevés, n’en sont pas moins bons et bienveillants; ce sont, ou des parents, ou des amis, ou quelquefois des personnes que nous n’avons pas connues dans notre existence actuelle. Ils nous assistent par leurs conseils, et souvent par leur intervention dans les actes de notre vie.

Les Esprits sympathiques sont ceux qui s’attachent à nous par une certaine similitude de goûts et de penchants; ils peuvent être bons ou mauvais, selon la nature des inclinations qui les attirent vers nous.

[…] Dieu nous a donné un guide principal et supérieur dans notre ange gardien, et des guides secondaires dans nos Esprits protecteurs et familiers…”[11]

Obtivemos a seguir sua tradução abaixo:

[…] Além de nosso anjo da guarda, que é sempre um Espírito superior, temos Espíritos protetores que, por serem menos elevados, são, no entanto, bons e benevolentes; eles são, ou pais, ou amigos, ou às vezes pessoas que não conhecemos em nossa existência atual. Eles nos ajudam com seus conselhos e, muitas vezes, com sua intervenção nos atos de nossa vida.

Espíritos simpáticos são aqueles que se apegam a nós por uma certa semelhança de gostos e inclinações; elas podem ser boas ou más, de acordo com a natureza das inclinações que as atraem para nós.

[…] Deus nos deu um guia superior e líder em nosso anjo da guarda e guias secundários em nossos Espíritos protetores e familiares…[12]

Por tudo exposto, deduzimos facilmente que, como já dissemos: “todo anjo guardião é também um espírito protetor. Mas não o contrário”.

Referências

[1] OLE, INTRODUÇÃO, 7ª parte, p. 29.

[2] OLE, q. 1009.

[3] Site: anjo da guarda

[4] Jesus – Mateus 6: 26.

[5] OLE, q. 963.

[6] OLE, q. 495.

[7] OLE, q. 969.

[8] ESE, cap. 28, it. 11.

[9] Jesus – Mateus 26: 41.

[10] ESE, cap. 28, it. 11.

[11] ESE, cap. 28, it. 11.

[12] Google Tradutor.

O consolador – Artigos.

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