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Valores e infância

Autora: Eugênia Pickina

Ensinar valores para os nossos filhos é importante. Durante seu desenvolvimento, as crianças precisam incorporar no seu cotidiano normas éticas e que as ajudem a formar sua personalidade. Neste propósito, a educação baseada em valores contribui para uma socialização saudável e futura cidadania ativa, respeitosa.

Há inúmeros valores, no entanto, há alguns que são imprescindíveis desde o começo da vida.

Responsabilidade

Aprender desde cedo que os atos têm consequências, tanto positivas como negativas, é essencial para que a criança cresça determinada a responsabilizar-se por suas ações. Para isso, os pais devem servir de exemplo em casa cumprindo com seus deveres/tarefas e assumindo com transparência seus equívocos.

Generosidade

A generosidade é um dos valores que ajudam a resolução dos conflitos. Por isso, os pais devem dar exemplos aos filhos. Em casa, você pode considerar aqueles brinquedos que ficaram esquecidos no fundo do armário ou aquelas roupas que não servem mais. Peça sempre auxílio ao seu filho na hora de separar os itens que serão doados e procure envolvê-lo na escolha de uma instituição ou família que será beneficiada com as doações. Além de estimular o desenvolvimento da generosidade, essa é uma ótima oportunidade de realizar uma atividade em família.

Tolerância

Em um mundo globalizado, marcado pela diversidade, a tolerância é um valor fundamental para ensinar as crianças a criar uma sociedade sem preconceitos, baseada na empatia, na conciliação, no respeito. Conhecer as diferentes culturas, por exemplo, motiva o respeito pelo diferente. Ainda, contar histórias ou incentivar a literatura é uma das formas mais simples de fazer com que a tolerância e a empatia sejam reforçadas na infância. Por meio de livros de autores de diversas partes do mundo, por exemplo, crianças podem vivenciar diferentes situações, aprendendo a entender que a diversidade marca natureza e sociedade.

Honestidade

A sinceridade é um valor essencial à vida em sociedade. Ser honesto consigo mesmo fará que a criança, desde cedo, compreenda que ninguém é perfeito, que estamos sujeitos ao erro, mas, para nosso próprio bem, ser sincero nos afasta das consequências nefastas das mentiras.

É bastante comum, no entanto, que pais e mães confundam quando a criança está mentindo ou fantasiando. A fantasia é inconsciente, a criança não sabe que o que está dizendo não é real. Já a mentira, por mais rasa e frágil que seja, é pensada. É importante que o adulto saiba distinguir as duas situações para não correr o risco de criar o estigma de uma criança mentirosa, quando, na verdade, é apenas uma fantasia, ajudando a criança a diferenciar o que é real e imaginação.

No geral, crianças têm dificuldade de diferenciar a fantasia da realidade até os cinco anos de idade. A partir dos seis anos, já conseguem brincar com a fantasia e criar, conscientemente, situações imaginárias. Assim, a mentira se torna algo intencional a partir dos sete anos, quando a criança já adquiriu noções de valores sociais e sabe exatamente a diferença entre verdade e mentira e quando a mentira pode prejudicar o outro.

Como reagir à mentira da criança? O primeiro passo é conversar. A criança precisa saber que está em um ambiente seguro para compartilhar ideias, vontades e pensamentos sem julgamentos. Essa conversa irá criar uma abertura para que o adulto possa entender os motivos daquela mentira. A partir disso, é possível estabelecer juntos – ou explicar para a criança – os limites e regras de convivência. Mas, se a primeira reação dos pais for bater ou castigar severamente o filho, o sofrimento e a desconfiança podem intensificar na criança a tendência para a mentira. Em outras palavras, não há problemas em repreender o seu filho que contou uma mentira, desde que ele entenda de verdade o porquê de estar sendo repreendido. O mais importante na hora de repreensão é uma conversa sincera sobre as principais consequências da mentira: ele pode até conseguir se safar do castigo, mas a mentira quebra a confiança entre vocês e magoa a todos os envolvidos.

Gratidão

As crianças devem conhecer o valor das coisas e para isso é preciso inculcar nelas a atitude da gratidão. Embora dizer obrigado seja algo natural para algumas pessoas, quando falamos sobre crianças o hábito precisa ser reforçado, valorizado e incentivado. Garanta, então, que o seu filho agradeça sempre que necessário, a quem quer que seja, e dialogue com ele sobre a importância de reconhecer quando alguém oferece ajuda, presta um serviço ou se mostra disponível.

Se possível, escreva com o seu filho três a cinco coisas pelas quais vocês são gratos no dia: o sol, a visita de um amiguinho, boas notas na escola, uma comida gostosa… o exercício pode ser feito semanal ou quinzenalmente, você decide!

O consolador – Ano 16 – N 810 – Cinco-marias

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