Autor: Rodrigues de Abreu (espírito)
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Eu não pude ver-Te, meu Senhor,
Nos bem-aventurados do mundo,
Como aquele homem humilde e crente do conto de Tolstoi.
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Nunca pude enxergar
As Tuas mãos suaves e misericordiosas,
Onde gemiam as dores e as misérias da Terra;
E a verdade, Senhor,
É que Te achavas, como ainda Te encontras,
Nos caminhos mais rudes e espinhosos,
Consolando os aflitos e os desesperados…
Estás no templo de todas as religiões,
Onde busquem Teus carinhos
As almas sofredoras,
Confundindo os que lançam o veneno do ódio em Teu nome,
Trazendo a visão doce do Céu
Para o olhar angustioso de todas as esperanças.
Estás na direção dos homens,
Em todos os caminhos de suas atividades terrestres,
Sem que eles se apercebam
De Tua palavra silenciosa e renovadora,
De Tua assistência invisível e poderosa,
Cheia de piedade para com as suas fraquezas.
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Entretanto,
Eu era também cego no meio dos vermes vibráteis que são os
homens,
E não Te encontrava pelos caminhos ásperos…
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Mocidade, alegria, sonho e amor,
Inquietação ambiciosa de vencer,
E minha vida rolava no declive de todas as ânsias…
*
Chamaste-me, porém,
Com a mansidão de Tua misericórdia infinita.
Não disseste o meu nome para não me ofender;
Chamaste-me sem exclamações lamentosas,
Com o verbo silencioso do Teu amor,
E antes que a morte coroasse a Tua magnanimidade para comigo,
Vi que chegavas devagarinho,
Iluminando o santuário do meu pensamento
Com a Tua luz de todos os séculos!
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Falaste-me com a Tua linguagem do Sermão da Montanha,
Multiplicaste o pão das minhas alegrias
E abriste-me o Céu, que a Terra fechara dentro de minhalma…
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E entendi-Te, Senhor,
Nas Tuas maravilhas de beleza,
Quando Te vi na paz da Natureza,
Curando-me com a Dor.
Nota
A poesia acima, psicografada por Francisco Cândido Xavier, faz parte do livro Parnaso de Além-Túmulo
Obra completa: https://www.febeditora.com.br/parnaso-de-alem-tumulo