Autora: Teresinha Olivier
O homem que está na base de uma montanha tem uma visão bastante limitada de tudo o que o cerca. As coisas ao seu redor lhe parecem enormes e sua visão abarca apenas uma pequena área a sua volta.
Se ele se colocar no alto da montanha, tudo muda à sua visão: aquilo que ele via em grandes proporções, se torna pequeno e sua visão se amplia, podendo ver o que se passa numa área muito maior.
Kardec faz essa comparação para demonstrar que, quando uma pessoa tem uma visão da vida apenas do ponto de vista físico, quando ela compreende a existência do ser começando no berço e terminando no túmulo, e nada mais, os desafios da vida têm para ela imensas proporções e muitos desses desafios são incompreensíveis, parecem intransponíveis e, muitas vezes, intermináveis. É como o homem na base da montanha que se sente pequeno diante de tudo o que o cerca.
Porém, aquele que sabe que o ser já existia antes do berço e continuará a existir depois do túmulo, tem outro ponto de vista. Sua forma de ver a existência do ser é muito mais ampla. Os problemas da vida material já não têm as mesmas proporções, ele sabe que são transitórios e compreende o motivo de passar por eles. É como o homem no alto da montanha que vê as coisas de um ponto de vista mais elevado.
O Espiritismo nos dá essa visão mais ampla da vida, porque nos apresenta uma perspectiva mais elevada para avaliarmos as circunstâncias da nossa existência. Esse ponto de vista é o do Espírito imortal, reencarnado, em constante evolução e criado para a perfeição.
Com o estudo aprofundado do Espiritismo, já não temos mais uma visão materialista e limitada da vida e nem uma noção vaga e imprecisa da vida imortal, mas, pelo conhecimento límpido, preciso, lógico que ele nos dá, pelas provas materiais que dela nos oferece, pelos exemplos que coloca sob nossos olhos e ao nosso entendimento, temos a certeza da imortalidade da alma e a consciência das consequências que advém desse saber.
“A ideia clara e precisa que se faça da vida futura proporciona inabalável fé no porvir, fé que acarreta enormes consequências sobre a moralização dos homens, porque muda completamente o ponto de vista sob o qual encaram eles a vida terrena.” (O Evangelho Segundo o Espiritismo – cap. II – O Ponto de Vista)
Com a visão que o Espiritismo nos apresenta sobre a vida material, o mundo espiritual e as relações que existem entre as duas realidades da vida da alma, entendemos que estamos aqui neste mundo para crescermos em inteligência e moralidade, desenvolvermos virtudes e superarmos imperfeições, levando conosco, nessa caminhada evolutiva, todos aqueles que conosco convivem, pois a evolução é coletiva e não individual.
Com essa compreensão, os problemas, os desafios, as vicissitudes da vida material tornam-se mais compreensíveis e, como consequência dessa compreensão, tornam-se mais leves, porque o homem vê nessas circunstâncias que o envolvem meios de progredir, meios de alcançar uma situação mais feliz no futuro, e não situações que estão na sua vida para o fazer sofrer, ou pagar erros cometidos no passado, ou ainda castigos de Deus que o está punindo por seus erros.
Pelo contrário, com uma visão positiva e otimista, ele vê os desafios da vida como oportunidades de aprendizado e crescimento, situações que farão dele uma criatura mais sábia, mais experiente, mais preparada para aprendizados mais elevados.
Na medida em que assimilamos os princípios espíritas, que são baseados nos ensinamentos morais de Jesus, compreendendo-os em profundidade, gradativamente eles irão fazendo parte do nosso modo de pensar, de sentir e de agir, irão se tornando nossa filosofia de vida.
Esse nosso modo de ser se refletirá nos relacionamentos familiares, no trabalho, na convivência social, enfim, em todos os aspectos da nossa vida, porque o nosso ponto de vista com relação a tudo que nos envolve vai se modificando, vai tomando novas e amplas proporções.
Temos livre arbítrio, podemos ficar na base da montanha ou subir até o cume. Depende de nós ampliarmos a nossa visão da vida ou continuarmos a ter a visão limitada que muitas vezes nos infunde medo ou revolta e nos deixa sem entender certas situações que nos acontecem.
O Espiritismo dilata o pensamento e lhe rasga horizontes novos. Em vez dessa visão, acanhada e mesquinha, que o concentra na vida atual, que faz do instante que vivemos na Terra único e frágil, ele, o Espiritismo, mostra que essa vida não passa de um elo no harmonioso e magnífico conjunto da obra do Criador. (O Evangelho Segundo o Espiritismo – cap. II – O Ponto de Vista)
Dica
A autora participa semanalmente dos grupos de estudos online, abaixo. Se tiver interesse em participar também, são abertos para todos os públicos.
