Autor: Felipe Gallesco
Certa vez, enquanto atuava como representante no departamento de mocidade de um órgão unificador espírita, ouvi dizer que existia uma casa que estudava espiritismo e possuía aproximadamente uns 100 participantes no grupo de mocidade.
Tratava-se de uma casa que não participava da U.S.E (União das Sociedades Espíritas) e que mantinha diversas atividades de estudo e assistência material e espiritual. Para não expor o grupo sem autorização, será chamada no texto como casa X.
Quando ouvimos a noticia da existência da casa X, no departamento de mocidade, todos os dirigentes ficaram interessados em conhecer e manter contato com esse grupo, principalmente para conhecer como era organizada uma reunião para tantas pessoas.
No texto, disponível no site, “Falta de participantes na Mocidade Espírita” foi apontada uma estatística que indicava que hoje no Brasil, pela média de jovens participantes da casa espírita, um grupo com 11 participantes já poderia ser considerado grande, por isso, todo estavam empolgados em participar de uma visita na tal “mocidade gigante”.
As reuniões do grupo de mocidade na casa X eram realizadas 1 vez por semana e durante a noite.
Cheguei um pouco antes do horário da reunião acompanhado de outros amigos, que eram dirigentes de mocidade de outras casas espíritas e fomos muito bem recebidos na entrada da casa X. Existiam diversos jovens na recepção que faziam o acolhimento, com direito a cafezinho.
Logo uma pessoa se aproximou trazendo um tipo de ficha de inscrição, onde eram solicitados alguns dados, como nome, idade, região onde reside e e-mail para manterem contato (coisa que defendo que deveria existir em todos os grupos).
Após o preenchimento, fomos informados que seria ideal participarmos da palestra pública, que era realizada no mesmo dia e horário, mas em outro prédio, pois as reuniões da mocidade eram indicadas para jovens de até 24 anos. Na época eu estava com 27 e meus amigos em torno de 25.
Explicamos que participávamos de outras casas espíritas e que nosso interesse era mantermos contato e conhecer como funcionava um grupo tão grande. Logo, nossa entrada foi permitida.
Percebi que todos os jovens que entravam na casa tinham que tomar passe para participar da reunião, o que parecia uma espécie de costume. Porém meu grupo passou direto, acompanhado por um dos dirigentes do local. Quando perguntei o motivo, fui informado que não era aplicado passe em participantes de outras casas espíritas para não ocorrer uma interferência do passe de um lugar com o passe do outro.
Fiquei surpreso, pois foi a primeira e única vez que ouvi tal recomendação. Nunca tinha encontrado em qualquer parte do material da codificação espírita alguma linha de pensamento que pudesse embasar a recomendação, motivo pelo qual defendo até hoje um estudo sério sobre o passe, principalmente para esclarecer o assunto nas casas espíritas.
Quando chegamos num enorme salão com data show, fomos surpreendidos pela quantidade de jovens. Existia um grupo de música que estava se apresentando, justamente para dar as boas vindas e acolher os participantes que ali chegavam.
Em todas as cadeiras existia uma apostila, com as letras das músicas, e alguns, acompanhando a letra junto do material, cantavam com a banda. Era um local muito bonito com uma iluminação planejada que fazia com que todos se sentissem bem recebidos.
A prece de abertura foi acompanhada com uma melodia tocada no violão. Em seguida, quem estava conduzindo a reunião pediu que algumas músicas da apostila fossem cantadas por todos.
Algum tempo depois deu início à apresentação do tema, preparado previamente por um dos jovens, tomando como base principalmente O Livro dos Espíritos e utilizando o recurso do data show.
Durante alguns momentos eram endereçadas aos participantes algumas perguntas. Pela quantidade de jovens, nem todos podiam se manifestar, pois não daria para cumprir o horário combinado para encerramento. Somando pela quantidade de tempo, praticamente metade da reunião foi para as atividades de música e outra metade para os estudos.
Logo o tema foi concluído, sendo a reunião também encerrada.
Conversei ainda bastante tempo com os dirigentes do local, principalmente para conhecer a casa X. Minha surpresa foi ainda maior quando descobri a quantidade de participantes da palestra pública, pois se na mocidade os jovens eram calculados em quantidade, na palestra as pessoas eram somadas por andares utilizados do prédio.
Trocamos contato com a proposta de apresentarmos também nosso trabalho junto aos jovens e mantermos uma rede de comunicação entre as casas espíritas da região.
Com a visita pude confirmar que dependendo do número de participantes, a estrutura organizacional da mocidade espírita pode variar. No grupo onde participo existem 2 outros jovens. Seria muito trabalhoso receber novos participantes, que são raros, com banda, café, controle de luz e etc…
Por outro lado, acredito que nas mocidades onde o número é menor, o entrosamento, união dos jovens e espaço para participar e tirar dúvidas seja muito maior.
Faz aproximadamente quatro anos que essa visita ocorreu. Durante o decorrer dos anos, encaminhei diversas mensagens, convidando os dirigentes para conhecerem os grupos de unificação espírita e a realidade das outras mocidades. Tentei fortalecer o contato e agendar novas visitas, mas nunca obtive sucesso.
Considero importante compartilhar esta experiência, principalmente para mostrar que existem diversas casas espíritas com realidades diferentes, porém com pontos em comum, pois independente da quantidade de jovens, o uso da arte, estudo da doutrina, acolhimento de novos jovens são pontos básicos em todos os grupos.
Infelizmente a mocidade da casa X não topou conhecer melhor, no momento, as outras casas espíritas ou se envolver nas fileiras de unificação em que eu ajudava, porém em diversas outras visitas semelhantes eu tive ótimas surpresas e pude observar casas que antes trabalhavam sozinhas, formarem e manterem uma correspondência muito grande com outras casas, e tudo devido ao contato inicial que foi feito pelo Departamento de Mocidade.
Nota
Visita realizada em 2019