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Wanyr Caccia: Projeto de música espírita Ímago

Entrevistador: Thiago Rosa

Uma correria e tanto. Posso simplificar desta forma o modo como conseguimos fazer esta entrevista com o Wanyr. Muitas trocas de e-mails até chegar em minhas mãos um CD do ÍMAGO. Sem contar as surpresas, no primeiro dia da Semana do Jovem Espírita da Penha e Arredores vejo um homem perambulando pra lá e pra cá, com a mão em um equipamento eletrônico no meio do palco e, quando realmente começa a cantar, percebo que era o próprio. Daí em diante, depois de nos apresentarmos, parecia tudo mais fácil para um encontro e uma entrevista. Não correria e tanto. Posso simplificar desta forma o modo como conseguimos fazer esta entrevista com o Wanyr. Muitas trocas de e-mails até chegar em minhas mãos um CD do ÍMAGO. Sem contar as surpresas, no primeiro dia da Semana do Jovem Espírita da Penha e Arredores vejo um homem perambulando pra lá e pra cá, com a mão em um equipamento eletrônico no meio do palco e, quando realmente começa a cantar, percebo que era o próprio. Daí em diante, depois de nos apresentarmos, parecia tudo mais fácil para um encontro e uma entrevista. Não

Marcamos então algo para o meio de semana no shopping Tatuapé. Veio o primeiro cancelamento da minha parte. Marcamos para sexta-feira então no mesmo lugar. Quando é na quinta à noite envio um e-mail a ele informando o cancelamento porque eu não ia poder estar presente de novo. A sorte de tudo isso: “ele não leu o e-mail”. E quando me liga, eu meio que vergonhoso, falo: “estou indo pra aí”. E o cara fica um pouco mais de uma hora por me esperar. Fomos persistentes. Sentamos no lado de fora do shopping com o pessoal curioso nos observando. Eu com aquele gravador direcionado à sua fala e o CD dele na minha mão com o encarte aberto. Mas, enfim, conseguimos entrevistar o “cara”. Responsável por um projeto de músicas espíritas que já toca todo o Estado de São Paulo.

Wanyr Caccia Moreira Cintra, em sua plena juventude de 48 anos, nos conta agora sobre o projeto ÍMAGO. Confira:

Como surgiu este projeto?

O projeto nasceu de uns seis anos pra cá. Porque nos quinze anos que eu tenho de doutrina eu sempre achei muita falta do jovem em eventos espíritas. Eventos que minha Casa, lá na Casa Verde, Núcleo Segue Espírita a Jesus, promovia. Sempre achei muita falta do jovem e adolescente. Sempre muito pouco. E como eu tenho esta coisa da música, não como profissional, mas como paixão, aquela coisa de alma, eu resolvi unir este lado musical com a experiência no espiritismo. Isso para que a música, que eu considero como um grande veículo de comunicação, chegue a esta galera. Eles dão muita atenção a isso porque a música passa emoção e as mensagens podem ir embutidas nisso. Tanto que as primeiras coisas que eu criei são as músicas mais pesadas do CD, o “Sempre há um motivo”, que é um “rockão” por exemplo. Daí eu acabei mesclando um pouco com minha profissão que é o Marketing e que acabou funcionando. Eu fiz para que as pessoas comprassem o CD, curtissem, usassem com a evangelização de jovens nas casas. Nunca imaginei que ia chegar a estar como hoje, fazer palestras e tudo mais.

Onde começou  a se apresentar?

Eu entrei em estúdio para começar a gravar em março do ano passado e terminei a masterização em setembro. A Sonopress me entregou o material no final de novembro. E em dezembro o clima do paulistano é Natal e tudo mais, pensei que ninguém mais ia querer saber sobre lançamento de CD espírita. Daí cheguei a procurar coisas fora da cidade e foi onde achei na Internet, no site da USE, uma Feira do Livro na cidade de Araraquara. Eles estavam reativando a feira, que era algo tradicional na região, mas estava parada há alguns anos. Entrei em contato por telefone e mandei o material pra lá. Eles analisaram e me convidaram se eu poderia estar com eles na semana da Feira do Livro. O que me ajudou foi minha filha que mora em Jaboticabal, onde faz faculdade, uma cidade bem próxima, onde eu poderia fazer uma ponte. E foi muito legal.

Como foi toda divulgação?

Na época estava por lá o Orson Peter Carrara, um palestrante muito conhecido no país inteiro. Ele elogiou muito o CD e perguntou o que eu queria fazer disso. Eu queria que as pessoas curtissem e refletissem sobre o tema e tal. Não é pregação, o trabalho não é pregação. Ele falou de eu fazer palestra, eu falei que não estava preparado pra isso e ele retrucou, disse que se eu fiz um trabalho como este, com diferencial, não foi por acaso e que o movimento precisaria deste material. E foi quando ele disse pra eu pensar a respeito e que me colocaria num roteiro pelo Brasil inteiro se eu quisesse. Conversei com minha trupe lá de casa e fiz minha primeira palestra em 30 de janeiro deste ano; e no final de junho eu fiz minha última no interior, o qual completei 53 cidades. E comecei a fazer algumas coisas aqui por São Paulo, já com agenda bem lotada até o final de setembro, tudo bem rápido e tudo bem legal.

O álbum tem uma mistura de ritmos bem diversificada.

É, tem uma sonoridade diferente do que se ouve hoje. Eu resgatei muito do que sempre ouvi como anos 70. O CD tem diversos tipos de “delays”, de vozes, de guitarras, teclados, uns arranjos. Cada faixa tem uma sonoridade diferente. Não é como você pega um disco hoje produzido que muda um pouco o ritmo da música até a melodia, mas os arranjos são todos iguaizinhos.

O que percebo realmente é esta mistura como forró, rock, contry…

É que eu nunca pensei em dar uma “cara” para o CD, porque toda banda normalmente tem uma marca registrada. Então entra uma mesma sonoridade, o mesmo estilão, pegadas de guitarra, batidas de batera, fica tudo muito igual nas faixas. Então uma forma de agradar o máximo de pessoas possível é dar de tudo que o pessoal quer ouvir. Tem características muito específicas a cada música como se fosse um CD de “hits” onde uma música não tem a cara da outra, nem no ritmo e nem nos arranjos. O que não cansa.

Nas suas apresentações que eu assisti sua, o pessoal parece ter gostado bastante. Você tem percebido esta receptividade?

Isso acontece direto, direto. Eu fiquei receoso de começar em São Paulo porque parece ser mais fechado. O espiritismo paulistano é uma coisa mais de limites, muita regra. Fora, não é que é esculhambado, mas parece ter uma dinâmica diferente, mais aberto a arte espírita. Aqui você vai a núcleo que o pessoal não pode aplaudir, outros fazem aquele aplauso de surdo-mudo onde o pessoal levanta as mãos e fica chacoalhando. É uma coisa muito estranha. Outra coisa gostosa também é quando você vai repetidamente ao mesmo lugar, como aconteceu no interior, e o pessoal sabe que você vai e começa a cantar junto porque já comprou o CD anteriormente.

Por que o nome Ímago?

Quando eu juntei a banda, te falei que isso foi já tem uns seis anos mais ou menos, mas não rolava. Eu tentava buscar pessoas, para formar o grupo, de dentro do espiritismo e eu não conseguia. Eu não conheço muitas casas, muita gente. Sempre que arrumava pessoa, não dava certo porque não existia uma sintonia e, banda, precisa ter. Daí me desanimei um pouco e deixei um de lado. Aí um primo meu que tocou comigo na adolescência me ligou, já fazia um bom tempo que não nos falávamos direito, e queria que eu ajudasse um professor dele de inglês que lidava com música e queria alguém pra tocar, um músico, porque ele era inglês mesmo e não sabia escrever nada em português para construir uma música. Liguei pro cara, peguei o endereço e fui lá conversar com ele no apartamento dele em Santana. Ele começou a falar do projeto dele e eu doido pra falar do meu, mas com aquele receio de falar sobre espiritismo, porque não sabia qual era a do cara. Quando deu uma brecha eu coloquei a idéia e ele pareceu meio empolgado, falou que estava no curso de educação mediúnica e tal com toda sua família. Quando começamos a falar descobri que ele fazia o curso na mesma Casa que eu atuo. Que coincidência. Em seguida ele falou: “esquece do meu projeto e fala do seu porque este nosso encontro não é por acaso não”.

Foi assim que você conseguiu planejar tudo?

Este mesmo primo me ligou um tempo depois pra saber como estávamos. Comentei com ele sobre o demo e tal e que pensava em fazer o CD e deixar um espaço para quem quisesse publicar, fazer alguma propaganda. Ele viu o material e disse: “Olha cara, está muito legal, o espaço publicitário não me interessa, mas se quiser um parceiro para produzir este negócio, eu arrisco com você pra ver no que é que dá”. Não deu outra, marquei estúdio e fui pra cima. Aí eu compreendi uma coisa, eu entendi que o que eu achava que as pessoas que não estavam prontas para minha ideia, por isso que não rolava o lance do grupo, da banda, de repente era eu que não estava preparado ainda de conteúdo para escrever o que escrevi, as mensagens, os tipos de letras. Tinha que amadurecer um pouco mais.

E o nome Ímago mesmo?

O nome ÍMAGO veio do professor de inglês, do Bill. ÍMAGO representa fazes de evolução. E eu encontrei outra coisa também, onde até o catolicismo utiliza esta palavra. Eu encontrei uma coisa como um “íntimo espiritual”, da onde tudo em espírito emana pro meio e de onde tudo do meio converge pra dentro. É o ponto de troca, onde o projeto tem tudo isso também, esta troca de experiências, de energia, com as mensagens e tudo mais.

Eu percebo que praticamente todas as letras levam o seu nome. Você  que fez todas?

Todas, todas elas. Tem uma que a letra não é minha, que é “Fruto Maduro”. Ajudei a compor a melodia, mas é a única que a letra não é minha.

Todas elas surgiram agora?

Não, tem uma, “Ritual da Natureza”, que foi feita em 1975. Tocamos em festivais e tudo mais.

Como é o pensamento daqui em diante agora? Quais são as ideias?

Esta brincadeira tem seis meses. Eu ainda estou me adaptando, então é difícil dizer o que vai ser daqui para frente. O Orson Peter que me ajuda na programação de umas apresentações fora aqui da cidade. A coisa fora de São Paulo acontece na dependência dele, em São Paulo eu me viro, mas tudo ainda está em planejamento. Mas eu já penso em um segundo disco, já tenho até material pronto e tudo. Só preciso pensar nisso no ano que vem, mas tudo ainda é muito novo. Eu quero abrir um pouco, porque são músicas que falam do dia-a-dia, que as pessoas possam curtir normalmente, no carro, em casa…

Por que o nome do álbum é POR AMOR?

Porque foi uma algo feito com amor. Tem uma faixa que é “Por Amor”, então juntei uma coisa com outra, encaixei tudo e pronto. O que quero só agora é semear o ÍMAGO.

Fala MEU! Edição 42, ano 2006

Observação: Foto da chamada de texto atualizada em 2023

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